A Polícia Federal indiciou Marcelo Xavier, ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por omissão no combate à insegurança na região amazônica, que resultou nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Xavier assumiu o cargo em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, e foi exonerado em dezembro de 2022. O ex-presidente da Funai teria recebido notificações sobre os perigos na região, mas não tomou providências.
Alcir Amaral Teixeira, que era coordenador-geral de Monitoramento Territorial da Funai, também foi indiciado. Teixeira era substituto eventual de Xavier no comando da instituição. Segundo a Polícia Federal, ele esteve na região após a morte de Maxciel dos Santos, servidor da Funai, e ouviu relatos de ataques e ameaças aos funcionários da fundação. Ambos os indiciados agiram com dolo eventual, assumindo os riscos da situação.
O indiciamento é baseado em uma reunião realizada após a morte de Maxciel dos Santos, na qual funcionários da Funai solicitaram proteção e detalharam os riscos envolvidos. Maxciel foi morto em 2019, em Tabatinga, no Amazonas, e era parceiro de Bruno Pereira no combate a delitos no Vale do Javari.
Os assassinatos de Bruno e Dom trouxeram à tona a questão da insegurança no Vale do Javari, a segunda maior reserva indígena do país. Bruno e Dom desapareceram durante uma expedição na Amazônia e foram encontrados mortos e esquartejados. Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima foram presos como suspeitos do crime, e Rubén Dario da Silva Villar foi apontado como o mandante dos homicídios.
O caso demonstra a gravidade do problema da insegurança na região e levanta questionamentos sobre as responsabilidades e ações dos envolvidos. A defesa de Marcelo Xavier e Alcir Amaral Teixeira não foi contatada até o momento. O indiciamento feito pela Polícia Federal será analisado pelo Ministério Público Federal, que decidirá se apresenta uma denúncia formal à Justiça.