O serviço de ônibus BRT (ônibus de trânsito rápido), que foi uma das apostas do Rio de Janeiro na época dos Jogos Olímpicos como solução de mobilidade urbana, sofreu intervenção da prefeitura e será licitado novamente. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (3), pelo prefeito Eduardo Paes. Segundo o prefeito, o BRT é mal operado e “trata a população como gado”.
O sistema é dividido em três consórcios, que operam as linhas Transoeste, Transolímpica e Transcarioca. De acordo com Paes, o BRT já chegou a transportar mais de 500 mil passageiros, com 400 ônibus disponíveis, mas atualmente só dispõe de 200. Os veículos são do tipo articulado e trafegam em corredores segregados, com paradas em estações especialmente construídas.
Durante entrevista coletiva, o prefeito fez uma apanhado de como está o sistema de ônibus na cidade, com veículos sempre lotados nos horários de pico e diversos bairros desassistidos, pois em dezenas de linhas os veículos simplesmente deixaram de trafegar.
“Hoje a gente deve ter quase 40% das linhas desaparecidas na cidade, com áreas completamente desatendidas de qualquer serviço de transporte”, disse Paes. Paralelamente, vê-se a completa ausência de ônibus no serviço noturno, acrescentou o prefeito.
“O BRT começou com o abandono físico das estações, que foram sendo deterioradas, o que acabou gerando o desrespeito ao pagamento. Isso foi se somando ao sumiço de ônibus, com um sistema que já carregou mais de 500 mil passageiros, com 400 ônibus operando e agora tem 200 ônibus, metade do necessário”, pontuou Paes.
O prefeito explicou que a intervenção no BRT será feita de forma amigável, apenas com o intuito de licitar novamente e sem risco de estatizar o sistema: “É uma intervenção para licitar. Tirando dessas concessionárias o poder sobre o BRT, que operam tão mal, tratando a população como gado. Deve acontecer ao longo de quatro semanas, desde que se mantenha um acordo amigável entre as partes. Não tem interesse da prefeitura de fazer um sistema estatizado.”
Paes anunciou também que a prefeitura vai assumir o sistema de bilhetagem eletrônica, hoje a cargo da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), a fim de garantir maior controle público sobre os números.
“Vamos sair do Riocard e fazer uma nova licitação para identificar uma empresa para fazer essa bilhetagem de acordo com as premissas da prefeitura, com total transparência e comando. A famosa caixa-preta, aquilo que se arrecada, o que entra no sistema, a quantidade de passageiros, a prefeitura vai passar a ter total controle do sistema. Hoje, como a Riocard pertence às empresas de ônibus, é uma informação que a gente não consegue auditar”, disse Paes.
A Fetranspor e o consórcio BRT foram procurados para se posicionar sobre as ações da prefeitura, mas informaram que não iam se pronunciar no momento.