São Paulo ultrapassa 100 mil mortes por Covid-19

Neste sábado (8), foram registrados 660 novos óbitos em 24 horas, totalizando 100.649 mortes desde o início da pandemia. Marca reflete estatísticas registradas em abril, considerado o mês mais letal da doença do estado.

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Coveiro com traje de proteção contra Covid-19 antes de sepultamento noturno no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, nesta quinta-feira (25) — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Com 660 mortes por Covid-19 registradas neste sábado (8), o estado de São Paulo chegou a 100.649 vidas perdidas para a doença desde o início da pandemia, segundo dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O número foi alcançado pouco mais de um ano após a confirmação da primeira morte, em 12 de março de 2020.

Atingida na primeira semana de maio, a marca reflete a dramática estatística registrada em abril, considerado o mês mais letal de toda a pandemia no estado e no país, superando o recorde anterior, de março de 2021.

Se fosse um país, o estado de São Paulo seria o nono com mais vítimas, mais do que o total de óbitos de países mais populosos, como Alemanha, Espanha e Colômbia.

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Em 29 de abril, o Brasil ultrapassou 400 mil mortes por Covid-19. A marca dos primeiros 100 mil óbitos no Brasil foi atingida quase 5 meses – 149 dias – após a primeira pessoa morrer pela doença no país. Dos 100 mil para os 200 mil, passaram-se outros 5 meses – 152 dias. Mas para chegar aos 300 mil, foram necessários somente 76 dias, número que agora caiu quase pela metade.

Entre março e abril, foram 100 mil mortes registradas em apenas 36 dias. Ou seja, UMA EM CADA QUATRO PESSOAS que morreram pela doença no Brasil perdeu a vida nos últimos TRINTA E SEIS DIAS.

Uma das vítimas é o comerciante João Parreira, de 48 anos, que não deixou um vazio apenas na família formada por cinco filhos e a esposa, mas em toda a comunidade do Jardim Peri, na Zona Norte de São Paulo, onde ele liderava um projeto social que atendia a mais de 120 crianças carentes.

Um dos jovens ajudados pela ONG, que virou cantor e tem conquistado fãs em SP, criou uma música que resume o sentimento da comunidade sobre o trabalho do comerciante, que marcou para sempre a trajetória de vida de muitos do Jardim Peri.

“Você ‘tá fazendo falta. Esperava você ter alta. ‘Tá difícil acreditar que você não vai voltar. Você foi guerreiro, te desejo um bom lugar. Eu olho para o céu ao anoitecer, a estrela que mais brilha é você. Olha como dói, perder um grande herói. Saudade machuca e corrói”, diz a letra da música do Nego Hélio.

Internações e casos em SP

São 21.565 pacientes internados no estado, sendo 10.047 em unidades de terapia intensiva e 11.518 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 78,5% e na Grande São Paulo é de 76,5%.

O estado de São Paulo chegou a 2.997.282 casos confirmados da doença desde o começo da pandemia.

Nas últimas 24 horas, foram confirmadas 1.243 novas mortes e 27.602 novos casos. No dia seis de abril, o estado registrou o recorde de mortes por Covid-19 ao contabilizar 1.389 óbitos em um dia.

Internações param de cair

No estado de São Paulo, o número diário de novas internações pela doença, que estava em queda, parou de cair há pouco mais de uma semana. A média móvel de internações chegou ao seu maior nível em 26 de março, com 3.399 hospitalizações ao dia.

Desde então, o índice passou a cair seguidamente mas, desde o final de abril, o indicador está estável. Na terça (4), a média foi de 2.222 internações diárias. O número é apenas 5% menor do que o verificado 14 dias atrás, o que indica tendência de estabilidade.

Na última semana, a queda ficou ainda mais discreta: o índice desta terça foi praticamente idêntico ao verificado 7 dias atrás, em 27 de abril, quando a média era de 2.223 internações ao dia.

Após um mês de queda, a média diária de novas internações por Covid-19 chegou a subir por alguns dias no final de abril. Segundo especialistas, ainda é cedo para avaliar se a curva voltará a subir de forma constante ou entrará em estabilidade, mas eles alertam que a desaceleração da queda é um ponto de atenção.

“Os dados dos últimos dois dias começam a indicar essa estabilização. Talvez sugira uma tendência até de piora. Então, na melhor das hipóteses, a gente deixou de melhorar. A gente estabilizou, mas estabilizou num patamar muito alto”, afirma o epidemiologista Marcio Bittencourt.

A chegada do inverno também preocupa porque a pressão nos hospitais costuma aumentar por conta de outras doenças respiratórias, AVCs e infartos.

“Se a gente entrar neste período [inverno] com a taxa atual, mesmo que estável, mesmo que sem nenhuma piora, já é uma situação bastante preocupante”, diz Bittencourt.

Flexibilização da quarentena

Apesar dos recordes de abril, o governo de São Paulo se diz otimista com os indicadores da Covid-19, considerando especialmente a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e o total de pacientes internados.

As restrições da quarentena estadual começaram a ser flexibilizadas no dia 12 de abril, quando acabou a fase emergencial, a mais rígida, e foi retomada a fase vermelha.

Desde então, a fase vermelha também foi encerrada e o governo anunciou uma nova etapa da quarentena, a chamada “fase de transição”, em vigor desde o dia 18 do mês passado.

Fonte: G1