Em revelações surpreendentes, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid descreve reunião onde Bolsonaro apresentou plano golpista aos comandantes militares.
Na reunião que ocorreu em 24 de novembro de 2022 no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, apresentou um plano de golpe de estado aos comandantes das Forças Armadas. Um trecho da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, revela detalhes impressionantes sobre o encontro, onde o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria manifestado apoio à iniciativa. Contudo, a reunião tomou um rumo surpreendente quando o então chefe do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prender Bolsonaro caso seu projeto golpista fosse adiante.
No calor desse encontro, o comandante do Exército, general Freire Gomes, dirigiu-se a Bolsonaro com palavras firmes, declarando: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo.” A tensão na sala aumentou, enquanto o brigadeiro Carlos Batista, comandante da Aeronáutica, permaneceu em silêncio diante da proposta de Bolsonaro. Essa reviravolta dramática na reunião refletiu a gravidade da situação e a resistência interna às ambições do ex-presidente.
De acordo com as informações obtidas pelo Valor Econômico, Freire Gomes tinha plena consciência de que o golpe proposto por Bolsonaro estava fadado ao fracasso. Ele reconhecia que os comandantes das regiões Sul, Sudeste, Leste e Nordeste não dariam seu apoio à empreitada, tornando-a inviável. Além disso, os Estados Unidos, tanto civis quanto militares, já haviam deixado claro que não apoiariam tal ação, o que agravaria ainda mais as chances de sucesso do plano golpista.
Essa revelação de Mauro Cid lança luz sobre os bastidores do governo Bolsonaro, destacando as tensões internas e a resistência de altos comandantes militares em relação a ações antidemocráticas. As palavras do general Freire Gomes, registradas nessa reunião crucial, mostram o comprometimento de algumas figuras-chave em defender a estabilidade democrática do país, mesmo em face de propostas extremas. Esse episódio permanecerá como um marco na história política do Brasil, lembrando a importância da defesa das instituições democráticas.