O Sítio Roberto Burle Marx, uma unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passou por uma requalificação, ampliando o acesso público à vida e obra do paisagista Roberto Burle Marx. O projeto, concluído em dezembro, teve por objetivo valorizar os locais de visitação, melhorar as instalações de trabalho, aperfeiçoar as condições de acessibilidade e potencializar as ações de pesquisa e educação.
Com 407 mil metros quadrados e uma coleção de mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, o espaço, localizado em Barra de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, conta com obras de artistas consagrados e do próprio paisagista como pinturas, gravuras, móveis, cerâmicas, tapeçarias, murais, painéis de azulejos, todos itens de sua coleção particular. Os recursos de acessibilidade incluem mapas e maquetes táteis e réplicas 3D de obras para manuseio.
“A diversidade toda da sua produção, a expressão da sua vida, das suas relações, das suas experiências, todas se encontram no sítio, e é fundamental que elas sejam cada vez mais fortalecidas, conhecidas e reconhecidas pelo público em geral, como uma parte importante da história e da cultura nacional”, disse Andréa Bueno Buoro, diretora do Intermuseus, organização responsável pela concepção e gestão do projeto de requalificação.
Ela ressalta que o sítio é um patrimônio histórico e cultural tombado e de propriedade do Iphan, e é nele que se encontra a melhor expressão da multiplicidade do legado de Roberto Burle Marx. “Ele é uma personalidade singular na cultura brasileira, ele tem um reconhecimento nacional e internacional não só como paisagista, mas também como artista, colecionador e intelectual”.
O sítio é tombado como patrimônio cultural brasileiro nas esferas municipal, estadual e federal, além de candidato ao título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Nascido em 1909 em São Paulo e criado no Rio de Janeiro, onde morreu em 1994, Burle Marx foi reconhecido internacionalmente como paisagista. Além de projetos espalhados pelo mundo, ele concebeu paisagens de destaque no país, como os jardins do Complexo da Pampulha, em 1942; o jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954; o paisagismo do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, em 1961; os jardins e a grande tapeçaria do Salão de Banquetes do Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, em 1962; e o famoso traçado do calçadão de Copacabana, em 1970.
Burle Marx foi também artista plástico, pintor, escultor, designer de joias, figurinista, cenógrafo, ceramista e tapeceiro. O resultado dessas facetas pode ser visto pelo público no sítio, que foi para o artista um laboratório de experimentações botânicas e artísticas. Lá ele morou e produziu em seus últimos 20 anos de vida. De autoria de Burle Marx, o sítio tem um acervo de cerca de 1.700 peças. Os temas são diversos, mas há uma predominância das composições abstratas em sua produção.
O novo percurso de visitação do sítio abrange o interior da residência, dando acesso a ambientes como a sala de jantar, a sala de visitas, a sala de música, onde fica o piano de cauda da mãe do artista, a sala das cerâmicas, que guarda boa parte da coleção de arte popular, o quarto de Burle Marx, o quarto de hóspedes e a cozinha.
Agora também é possível contemplar de perto quadros e fotos de família, assim como as coleções do paisagista, que incluem arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira. Há ainda um guia multimídia no formato de aplicativo, com roteiros em português, inglês e espanhol, em audiodescrição e em Libras.
A visitação é por meio de visitas guiadas, mediante reserva pelo site do sítio ou pelo telefone (21) 2410-1412. As visitas ocorrem em grupos de até cinco pessoas, de terça a sexta-feira, às 13h, 13h30 e 14h, e o ingresso custa R$ 10.