Situação do ministro Paulo Guedes se complicou após descoberta de conta offshore em paraiso fiscal. Pesa também sobre o ministro dificuldade com a agenda econômica no congresso
A revelação de que Paulo Guedes mantém empresa em paraíso fiscal serviu para aumentar a pressão no governo sobre o ministro da Economia, que passa pelo seu momento de maior isolamento na Esplanada e no Palácio do Planalto.
Interlocutores do presidente afirmam que Guedes, outrora superministro, não tem conseguido emplacar soluções para reverter o quadro de crise econômica, e, principalmente, para a implementação do Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família.
Chamado de posto Ipiranga pelo presidente da república parece que o ministro virou posto clandestino com gasolina estragada. Desde que assumiu o ministério da economia em 2019 a situação do país só piorou. O aumento da gasolina e de produtos básicos complicou ainda mais a situação do ministro.
Não bastasse a situação grave da economia o ministro se viu agora envolvido em mais uma polêmica. Foi descoberto que o ministro Paulo Guedes teria uma empresa offshore em paraiso fiscal com a soma de U$ 50 milhões de dolares e que o ministro acabaria sendo beneficiado com a alta do dólar no pais.
Fogo amigo e Offshore no exterior
Nesta quarta-feira (6), em outra frente, a Câmara dos Deputados aprovou a convocação do ministro para explicar perante o plenário a manutenção de offshore. Quando uma autoridade é convocada, sua presença é obrigatória.
No Planalto, segundo interlocutores do presidente, o titular da Economia enfrenta um “paredão” de ministros contra ele —a sua demissão, inclusive, já foi sugerida por alguns pares ao próprio Bolsonaro.
Se antes críticas ao ministro ficavam mais restritas à articulação política, agora se alastram por outros ministérios.
Diante das dificuldades de aprovar medidas para pagar o Auxílio Brasil no Congresso em 2022, uma ala majoritária de auxiliares palacianos tem defendido furar o teto de gastos —que limita o crescimento das despesas à inflação—, algo rejeitado por Guedes.
Auxílio emergencial
O auxílio emergencial acaba no dia 31 de outubro e ainda não há uma solução para aumentar o valor do pagamento no Auxílio Brasil nem para manter todas as famílias beneficiárias do programa criado na pandemia da Covid-19.
A relação de Guedes está especialmente ruim com a ala política do governo, que cobra o ministro pelas dificuldades enfrentadas em matérias econômicas no Congresso.
Além disso, outro fator que pesa contra o ministro é um histórico de atritos com congressistas.
Interlocutores palacianos afirmam que as notícias sobre os investimentos de Guedes no exterior criam um constrangimento para o governo, principalmente em um momento de grave crise econômica e de alta dos preços.
Por isso, dizem esses interlocutores, houve pouco empenho do Planalto em sair em defesa do ministro diante das revelações.
Auxiliares de Guedes se queixaram desse abandono. Eles creditam o desgaste interno a pressões por mais recursos.
Membros da equipe econômica dizem ainda que as pressões sobre o ministro devem aumentar por causa da proximidade do ano eleitoral.
No entanto, assessores do ministro avaliam que as revelações da offshore não devem levar à saída de Guedes do governo. Dizem acreditar ainda que ele seja visto como importante avalista junto ao mercado.
Há uma apuração preliminar em andamento na Comissão de Ética Pública, após denúncia feita pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Como a Folha mostrou, conselheiros disseram reservadamente ter visto com preocupação o caso.
Devem também avaliar, entre outras coisas, se o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal foi respeitado.
O texto prevê que “alterações relevantes no patrimônio da autoridade pública deverão ser imediatamente comunicadas à CEP [Comissão de Ética Pública]”.
Fonte: Agencia Nitro de Notícias e Folhapress