Polícia prendeu empresário acusado de matar ator Rafael Miguel e os pais dele em 9 de junho de 2019 também na Zona Sul de São Paulo. Segundo a investigação, ele não aceitava namoro da filha com o artista. Seu nome estava na Difusão Vermelha da Interpol e aparecia na página de criminosos mais procurados de SP.
Câmeras de segurança registraram o momento em que Paulo Cupertino foi preso pela Polícia Civil em um hotel na Zona Sul de São Paulo nesta segunda-feira (16). As câmeras também gravaram momentos do empresário pouco antes da prisão, andando pelos corredores do Mont Star Hotel com um chapéu e máscaras de proteção contra a Covid-19.
Cupertino foi preso quase 3 anos depois da morte do ator Rafael Miguel e dos pais dele. O crime ocorreu em 9 de junho de 2019. Ele estava ocupando o apartamento número 27 há mais de 1 mês, segundo policiais ouvidos pela reportagem.
A câmera do corredor do hotel primeiro mostra um homem passando no corredor carregando uma mochila. Depois, Cupertino aparece acompanhado de três policiais, com as mãos para trás, já sem máscara. O relógio da câmera marca 16h09.
Nesta terça, no hotel, os policiais encontraram roupas de Cupertino, uma bengala, lente de contato, Carteira Nacional de Habilitação, e um chapéu. Segundo a investigação, Cupertino pagava R$ 38 de diária para ficar hospedado no imóvel.
O g1 não conseguiu localizar os responsáveis pelo Mont Star Hotel para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem.
Policiais da 6ª Seccional fizeram a prisão e encaminharam o preso para o 98º Distrito Policial, no Jardim Miriam, Zona Sul de São Paulo. Cupertino foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde fez o exame de corpo de delito e depois foi para a Divisão de Capturas, no prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro da capital paulista.
Cupertino passou a noite no 77º Distrito Policial (DP), em Santa Cecília, Centro da capital paulista. Ele passou por audiência de custódia na Justiça para saber qual a unidade prisional que irá recebê-lo. Existe a possibilidade de que siga para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo, ainda nesta terça.
Segundo o delegado da 6ª seccional, a equipe de policiais recebeu uma informação de que Cupertino estaria na capital paulista, foram checar e encontraram o procurado.
Ao chegar a sede da Polícia Civil, Cupertino negou os crimes aos jornalistas que o aguardavam. “Eu sou inocente. Não matei ninguém”.
Incluído na Difusão Vermelha da Interpol, Cupertino era o primeiro nome da lista dos criminosos mais perigosos e procurados de São Paulo.
O crime
De acordo com o Ministério Público (MP), o empresário assassinou a família porque não aceitava o namoro de Isabela Tibcherani, a sua filha de 18 anos à época, com o artista. Vídeos gravados por câmeras de segurança mostram o momento em que ele atira 13 vezes em Rafael, que tinha 22 anos, e nos pais do ator: João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe Miriam Selma Miguel, 50.
Rafael era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.
Isabel Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela matar o ator a tiros em 2019 — Foto: Reprodução/Redes sociais
Cupertino é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Ele, que atualmente tem 50 anos, nunca constituiu um advogado para defendê-lo. Além do empresário, dois amigos dele são réus no mesmo caso por terem ajudado o assassino a fugir.
O assassinato foi cometido na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro da Pedreira, Zona Sul da capital paulista. As duas não foram baleadas por Cupertino e sobreviveram. O empresário fugiu.
Ajuda de amigos
De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, Cupertino contou com a ajuda direta de pelo menos quatro amigos, que são investigados pela suspeita de esconderem o criminoso.
Dois desses amigos do empresário se tornaram réus na Justiça por supostamente ajudarem o fugitivo. Eles respondem em liberdade pelo crime de favorecimento pessoal. São eles: Eduardo Jose Machado, o ‘Eduardo da Pizzaria’, dono de uma pizzaria na Zona Sul de São Paulo; e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, que mora em Sorocaba, no interior paulista.