Barroso enfatiza a importância da democracia e afirma ter derrotado o bolsonarismo para garantir a liberdade de expressão
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, fez críticas ao “bolsonarismo” e reagiu às vaias recebidas durante sua participação no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) nesta quarta-feira (12). Em seu discurso, Barroso ressaltou a importância da concordância e discordância na democracia e afirmou que a derrota do bolsonarismo foi necessária para permitir a manifestação livre de todas as pessoas.
As falas de Barroso foram uma resposta a um grupo de manifestantes que protestava contra ele no evento da UNE. Além das vaias, eles exibiam uma faixa com a frase “Barroso: inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”.
A crítica ao “bolsonarismo” e o fortalecimento da democracia
Em setembro do ano passado, o ministro suspendeu o pagamento do piso salarial da enfermagem, aprovado pelo Congresso Nacional, por falta de detalhamento das fontes de custeio. No entanto, após o governo federal liberar mais de R$ 7 bilhões para estados e municípios pagarem os valores, Barroso revogou a suspensão. Em resposta às críticas, o magistrado ressaltou que conseguiu o dinheiro necessário para a enfermagem, destacando sua determinação em construir um país melhor.
Durante a abertura do Congresso da UNE, Barroso destacou as conquistas da sociedade brasileira ao enfrentar a censura, a tortura e o bolsonarismo. O evento ocorre em Brasília e o ministro ressaltou o compromisso com a história, a verdade plural e a obrigação de construir um país maior e melhor.
Reações às declarações de Barroso
A assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro foi procurada para comentar as declarações do ministro, mas até o momento não houve resposta. Pessoas próximas ao ex-presidente interpretaram a fala de Barroso como uma confissão de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) agiu contra Bolsonaro durante as eleições de 2022.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também criticou as declarações de Barroso, considerando-as inadequadas e infelizes. Ele destacou que, apesar de ter se solidarizado com o ministro anteriormente quando foi atacado por Bolsonaro, a fala de Barroso no evento da UNE foi inoportuna e inadequada para uma ala política à qual Pacheco não pertence.
Em resposta às críticas, Barroso afirmou que, em seu discurso, referiu-se a um grupo de extremistas que defendem o fim da democracia e ditaduras, não aos 58 milhões de eleitores do ex-presidente Bolsonaro. Ele ressaltou seu respeito pelos eleitores conservadores, desde que sejam democratas.
Posicionamento do STF sobre as declarações de Barroso
Em nota divulgada pela assessoria do STF, foi esclarecido que a frase “Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo”, proferida por Barroso no evento da UNE, referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição. O ministro participou do congresso ao lado do ministro da Justiça, Flavio Dino, e do deputado federal Orlando Silva, todos com histórico no movimento estudantil. A nota destacou que os três foram aplaudidos, apesar das vaias, provenientes de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que se opõe à gestão atual da UNE.