O time paulista, que tem um histórico de defesa da democracia e dos direitos humanos, deve ter uma presidência que respeite a diversidade
O Me Too Brasil vem a público repudiar a candidatura do empresário Augusto Melo à presidência do Corinthians. Áudios atribuídos a Melo e publicados na internet trazem agressões contra a assessora administrativa do Corinthians, Cíntia Montino, com insinuações de prostituições, e Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, quando ela era cozinheira do União Agrícola Barbarense Futebol Clube. Nas gravações, Cida é descrita com expressões racistas e homofóbicas como “gordona negrona” e “essa nega”.
A organização, que tem atuado pela inclusão de gênero e contra o assédio sexual no futebol brasileiro, entende que a postura contra as mulheres demonstraria potencial despreparo do postulante para presidir um dos maiores times de futebol do país. A diversidade, a igualdade de gênero e a luta contra o racismo não poderão ser alcançadas no futebol brasileiro com as lideranças cujos comportamentos parecem ser contraditórios ao comprometimento com esses direitos.
A eleição é uma oportunidade para que o Corinthians, que tem um histórico de defesa da democracia e dos direitos humanos, seja um exemplo de respeito aos negros, às mulheres, às torcedoras corinthianas, às jogadoras de futebol e a toda sociedade brasileira.
Toda manifestação de potencial cunho misógino, racista e gordofóbico deve ser denunciada, coibida por cidadãos e investigada pelas instituições competentes, inclusive pelo Corinthians, que conta com Código de Conduta, o qual, certamente, não coaduna com as gravações atribuídas a Melo.
Somos solidárias ao sofrimento de Tia Cida e Cintia Montino, que depôs corajosamente na CPI da Violência e Assédio Sexual da Câmara Municipal de São Paulo, em que Augusto Melo não compareceu.
Ambas mulheres fortes, que merecem nosso respeito.
Me Too Brasil
Inspirado e influenciado pelo movimento #MeToo, fundado por Tarana J. Burke nos Estados Unidos, o Me Too Brasil é uma organização que atua contra o assédio e o abuso sexual. Seu objetivo é amplificar a voz das vítimas e oferecer acolhimento por meio de apoio psicológico, jurídico, assistencial e orientação às sobreviventes, além de tomar as medidas necessárias em conjunto com as autoridades competentes.
São Paulo, 24/1112023