Recursos foram repassados pelo ministério por meio de emendas de relator, dispositivo usado pelo governo para contemplar aliados em troca de apoio no Congresso
O orçamento secreto do Ministério da Defesa, avaliado em R$ 588 milhões, durante o período em que Walter Braga Netto comandou a pasta teria tido repasse de recursos para aliados em troca de apoio político no congresso. A informação foi divulgada pelo O Globo.
De acordo com a publicação, as verbas foram repassados pelo ministério por meio de emendas de relator. Entre os contemplados, estaria o município de São Félix do Araguaia, com a construção de uma capela mortuária em outubro do ano passada, que a pasta federal repassou cerca R$ 400 mil.
“Só tenho a agradecer à boa gestão do Braga Netto e ao senador Wellington (Fagundes, do PL do Mato Grosso), por essas obras. O senador é nosso campeão de votos aqui e vai ser de novo nessa eleição, se Deus quiser. Ele é nosso predileto”, disse a prefeita Janailza Taveira (Solidariedade), que também recebeu R$ 2 milhões para asfaltar o município.
Ainda segundo o O Globo, a pasta utilizou o mecanismo político sem transparência e critério e a informação só veio à tona recentemente devido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que obrigou a divulgação desses dados.
Dentro do montante de R$ 588 milhões do orçamento secreto, cerca de R$ 401 milhões atenderam a 11 senadores, sendo a maioria deles governista. Em geral, o dinheiro público foi aplicado em ‘redutos eleitorais’, sem necessariamente ter relação com a atividade da pasta.
A maior parte desses recursos foi desembolsada pelo Ministério da Defesa em 2021, sob a gestão de Braga Netto, que começou em março de 2021 e terminou no último dia 1º de abril. O dinheiro foi repassado a municípios por meio do programa Calha Norte.
Em nota, o Ministério da Defesa informou que o programa não avalia a forma como os parlamentares indicam recursos e, sim, “se estão em conformidade com as diretrizes técnicas”. Atualmente, cerca de 619 municípios em 10 estados são abrangidos pela iniciativa.
Por fim, a pasta ainda afirmou que “o ministro não interfere na destinação de recursos do Programa Calha Norte”. No entanto, não foi explicado o motivo de apenas 11 senadores terem a prerrogativa de enviar recursos via emendas de relator.
Fonte: A Tarde com O Globo