Governador do Acre, Gladson Cameli, enfrenta pedido de afastamento pela PGR devido a crimes graves, incluindo peculato, corrupção e lavagem de dinheiro. Denúncia aponta contratos milionários, desvio de recursos públicos e benefícios indevidos. Saiba mais sobre a trajetória política de Cameli e os desdobramentos da investigação.
O governador do Acre, Gladson Cameli, encontra-se sob intensa pressão judicial após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar seu imediato afastamento do cargo. A denúncia, apresentada na última terça-feira (28), aponta para uma série de crimes, incluindo peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão final agora está nas mãos da ministra Nancy Andrighi.
No cerne da denúncia está um esquema de fraude em licitações que, segundo a PGR, é liderado por Cameli desde 2019. Pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do Acre estão sob investigação, com um prejuízo estimado em R$ 150 milhões.
Cameli, atualmente em Dubai para a COP 28 como parte de uma comitiva do governo do Acre, divulgou uma nota afirmando manter a confiança na Justiça e estar à disposição para esclarecimentos. As publicações recentes na imprensa acreana e nacional trouxeram à tona a denúncia da PGR e o pedido de afastamento do governador.
Possível Esquema de Fraudes: Contratos Milionários e Vantagens Indevidas
O extenso documento de 175 páginas apresentado pela PGR detalha o suposto esquema operado por Cameli desde 2019. O primeiro contrato investigado é de manutenção predial, no valor de R$ 24,3 milhões, assinado com uma empresa de engenharia. A denúncia destaca que, após a celebração desse contrato, a empresa contratou de maneira velada a empresa do irmão do governador, sem experiência na localidade dos serviços.
Segundo a PGR, Gledson Cameli, irmão do governador, teria conhecimento prévio da empresa e pactuou com seus sócios um acordo para compartilhar a execução e os lucros do contrato. Cerca de R$ 4,4 milhões teriam sido repassados às empresas vinculadas ao irmão do governador, indicando um desvio de recursos públicos.
Sobrepreço e Envolvimento de Outros Agentes Públicos
A denúncia destaca ainda que, a partir desse contrato direcionado, houve um sobrepreço de R$ 8,8 milhões e um superfaturamento de R$ 2,9 milhões. O esquema, segundo a PGR, contou com a participação de outros agentes públicos, incluindo o secretário de Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.
Durante as investigações, a PGR identificou nove transferências de valores entre a construtora contratada e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão. O desvio de recursos, destinados originalmente às obras, teria beneficiado diretamente o governador do Acre e seus familiares.
Benefícios Indevidos: Financiamento de Apartamento de Luxo e Propina
A PGR alega que o dinheiro desviado foi utilizado para financiar parcelas do apartamento de luxo de Gladson Cameli em São Paulo, assim como parcelas do financiamento de um carro de luxo. Além disso, propinas teriam sido destinadas a Eládio Messias Cameli Júnior, irmão do governador.
Os detalhes da denúncia indicam uma rede complexa de benefícios indevidos que teriam impactado diretamente a vida financeira do governador e de seus familiares.
Cameli na Política: Trajetória e Atual Mandato
Gladson Cameli, bacharel em engenharia civil formado pelo Instituto Luterano de Ensino Superior de Manaus Ulbra, está em seu segundo mandato como governador do Acre, tendo sido reeleito em 2022, derrotando o candidato Jorge Viana (PT). Sua trajetória política começou aos 28 anos, quando foi eleito deputado federal pela primeira vez.
Ao longo de sua carreira, Cameli foi membro de diversas comissões no Senado, contribuindo para áreas como infraestrutura, desenvolvimento nacional, educação e cultura. Sua filiação ao Progressistas remonta a 2005, consolidando sua presença no cenário político acreano.