PF prende Domingos Brazão e Chiquinho Brazão por mandar matar Marielle; delegado Rivaldo Barbosa também é preso

Operação Murder, Inc. foi deflagrada neste domingo (24) pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro.

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Por Clayton Lima, Nitro News Brasil – 24 de março de 2024 ás 09:38

Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução

Na manhã deste domingo, dia 24 de março, uma operação conjunta da Polícia Federal (PF), Procuradoria-Geral da República (PGR) e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) resultou na prisão dos irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do brutal assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, ocorrido em março de 2018. O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, também foi detido, dando um desfecho aguardado há anos para esse caso que chocou o país.

Os mandados de prisão preventiva foram emitidos no âmbito da Operação Murder, Inc., que visa desmantelar os responsáveis pelo atentado que ceifou a vida de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), enquanto Chiquinho Brazão ocupa o cargo de deputado federal pelo União Brasil. Já Rivaldo Barbosa, que à época do crime era chefe da Polícia Civil, atualmente desempenha o papel de coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição.

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Até o momento, a defesa dos presos não foi localizada para comentar sobre as prisões. Porém, as autoridades afirmam que a ação também incluiu a emissão de 12 mandados de busca e apreensão, visando locais estratégicos como a sede da Polícia Civil do Rio e o Tribunal de Contas do Estado.

Entre os alvos das buscas estão o delegado Giniton Lages, que foi o titular da Delegacia de Homicídios responsável pelas investigações iniciais do caso, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um dos principais subordinados de Lages. Documentos e dispositivos eletrônicos foram apreendidos para análise pericial.

Os investigadores estão concentrados em determinar os motivos que levaram ao assassinato de Marielle Franco, com indícios apontando para questões relacionadas à expansão territorial de milícias no Rio de Janeiro. Rivaldo Barbosa também é suspeito de ter interferido nas investigações, omitindo-se do dever de apurar o caso.

A decisão de realizar a operação neste domingo foi estratégica, visando surpreender os suspeitos, que já estavam em alerta desde a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Lessa, que está preso desde 2019 sob a acusação de ser um dos executores do crime, apontou os mandantes e esclareceu as motivações por trás do assassinato.

De acordo com informações obtidas através da delação de Lessa, os mandantes fazem parte de um grupo político influente no Rio de Janeiro, com interesses em diversos setores do Estado. Detalhes de encontros entre o ex-policial e os mandantes foram revelados, contribuindo para o avanço das investigações.

A repercussão da operação foi imediata. Monica Benicio, viúva de Marielle, foi vista na Polícia Federal, demonstrando a importância desse desdobramento para os familiares da vítima. Nas redes sociais, Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, expressou gratidão pelo trabalho das autoridades e afirmou que essa é mais uma etapa rumo à justiça.

A mãe de Marielle, Marinete da Silva, em entrevista à GloboNews, destacou que, apesar da dor, esse domingo representa um passo importante na busca por justiça para o caso que marcou profundamente a sociedade brasileira.