Policia 3 suspeitos da morte de ambientalista morto por asfixia em represa de SP

A Polícia Civil do Rio anunciou ontem a prisão de três possíveis suspeitos de terem assassinado, na noite de terça-feira, o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, 61, na reserva biológica do Tinguá, na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Ribeiro era presidente do conselho fiscal do GDN (Grupo de Defesa da Natureza), ONG (organização não-governamental) que lutava pela preservação da fauna e flora da reserva do Tinguá. Por causa disso, vinha recebendo ameaças de caçadores de animais e de palmiteiros.

Dois dos suspeitos foram apontados como os autores do assassinato por meio de uma informação recebida anteontem pelo Disque-Denúncia.

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Um deles foi identificado como José Reis Medeiros Alves, 40. De acordo com a polícia, ele foi detido anteontem em uma casa na reserva. Alves respondia a três processos por homicídios cometidos no interior do Estado do Rio.
O acusado negou o crime. Disse que conhecia o ambientalista e sabia que vinha sendo ameaçado de morte na região.

O suspeito afirmou que vivia na reserva há cerca de seis meses e trabalhava em biscates e vendendo bebidas. Disse ainda que chegou a caçar gambás na floresta.

Em depoimento, Alves declarou não acreditar que Ribeiro tenha sido morto por caçadores de animais. “Se fossem caçadores, ele [o ambientalista] já teria sido morto antes”, afirmou.

O suspeito ficará preso porque tem um mandado de prisão contra ele. O delegado Rômulo Vieira, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, disse que a única acusação é a informação obtida pelo Disque-Denúncia, mas não descartou sua participação no assassinato.

Junto com Alves, foi detido também um homem identificado apenas como Leonardo e que teria 19 anos. O suspeito caçava animais na região e, no ano passado, chegou a ser preso com cinco espingardas. Foi solto porque não tinha ficha criminal.

O terceiro suspeito do assassinato do ambientalista foi detido ontem dentro da reserva do Tinguá. Até a conclusão desta edição, permanecia preso.

Responsável pela prisão, o delegado Roberto Cardoso, da 58ª Delegacia (Nova Iguaçu), não deu informações sobre o acusado.

Ao saber das prisões dos suspeitos, o delegado da Polícia Federal, Marcelo Bertolucci, disse que a investigação do órgão aponta para outras vertentes.

Bertolucci declarou que tem suspeitas sobre palmiteiros e caçadores de animais, mas disse ter pistas também sobre pessoas que exploravam areia dentro da reserva e não descartou ainda a possibilidade de o pastor evangélico

Marcos Pereira da Silva, presidente da Igreja da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, estar envolvido no caso.
O religioso construiu uma fazenda nas imediações da reserva e entrou em conflito com ambientalistas da região por tentar estender sua propriedade acima do que era permitido.

Por esse motivo, chegou a ser multado em R$ 150 mil. O pastor evangélico é investigado por suposto envolvimento com o narcotráfico. A Folha não conseguiu localizar Silva.

A Secretaria de Imprensa da Presidência divulgou ontem nota na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamenta e pede rigor nas investigações do assassinato do ambientalista.

“Foi com tristeza e consternação que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia da morte do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, a quem o país deve a mais profunda gratidão por sua luta pela preservação da natureza e pela criação da Reserva Biológica do Tinguá”, diz a nota.

Sepultamento

No enterro do ambientalista, realizado no cemitério de Ricardo de Albuquerque (zona norte do Rio), o deputado federal Fernando Gabeira (sem partido-RJ), afirmou que o governo federal deve “definir rapidamente se tem recursos para proteção da reserva”. Caso contrário, disse, será preciso recorrer à iniciativa privada.

“O Ibama [órgão ambiental federal] tem que apresentar uma alternativa, afinal restam apenas 7% da área de mata atlântica no Rio”, afirmou.

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), anunciou que criaria uma “guarda municipal ambiental” formada por moradores de Tinguá, que seriam treinados para a função.

Morte por asfixia

O ambientalista morto na represa Billings em São Paulo foi morto por asfixia mecânica segundo laudo do IML. Os suspeitos da morte do ambientalista quando foram ouvidos na delegacia pela policia, eles disseram que o barco deu um solavanco e que o rapaz teria caído na água e desaparecido logo em seguida