Polícia Civil conclui inquérito e indicia sargento pela morte de jovem que comprou sua TV em BH

O crime aconteceu no dia 29 de junho, no prédio onde o policial morava no bairro Nova Suíça, na Região Oeste de BH. Suspeito foi indiciado por homicídio qualificado, segundo Polícia Civil.

Família de Jean Carlos Assis, de 23 anos, alega que ele foi morto por um policial depois de comprar um aparelho de TV em BH — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil concluiu no dia 8 de julho o inquérito da morte do padeiro Jean Carlos Assis, de 23 anos, morto a tiros e indiciou, no mesmo dia, um sargento de 56 anos, aposentado da Polícia Militar, suspeito do crime, que aconteceu na garagem do prédio onde ele morava, no bairro Nova Suíça, na Região Oeste de Belo Horizonte, no dia 29 de junho.

Em nota, a Polícia Civil disse que o caso foi encaminhado à Justiça. “A motivação do crime seria um desentendimento entre suspeito e vítima“, disse a polícia. O suspeito foi indiciado por homicídio qualificado.

Nesta segunda-feira (19) a Polícia Militar informou “que todas as medidas de Polícia Judiciária cabíveis à instituição foram adotadas”.

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‘Caminhando’

Jean Carlos Assis, de 23 anos, foi morto a tiros no bairro Nova Suiça, em BH, durante compra de TV. — Foto: Arquivo pessoal

Em conversa com o G1 nesta segunda-feira (19), o irmão da vítima, Tiago Henrique de Assis, de 34 anos, disse que a família está “caminhando”.

“Sabemos que ele está preso, agora é aguardar a condenação dele. Estamos bem, caminhando, pouco aliviados e seguindo. Nada vai trazer meu irmão de volta, mas estamos vivendo”, disse Thiago.

Relembre o caso

O sargento da Polícia Militar, de 56 anos, foi preso em flagrante, no dia 29 de junho, suspeito de matar a tiros o padeiro Jean Carlos Assis, de 23 anos, no bairro Nova Suíça, na Região Oeste de BH. Segundo informações do amigo da vítima, o crime aconteceu na garagem do prédio onde o policial mora.

Segundo Adeon Ferreira de Paiva, de 31 anos, amigo de Jean e também padeiro, que estava com ele no momento do crime, a vítima comprou uma televisão no valor de R$ 500, que pertencia à filha do policial militar, em um site de vendas, na segunda-feira (28).

No mesmo dia, Jean foi até o prédio, fez o pagamento e retirou o aparelho. No dia seguinte, a vítima disse ao amigo que recebeu uma ligação da vendedora dizendo que ele havia esquecido o suporte da televisão no local e que ele precisava ir até lá pegar o equipamento. Adeon foi junto com o amigo.

“A gente trabalha junto há mais de 10 anos, e fomos ao local, durante nosso horário de almoço. Ao chegar lá, eu fiquei na esquina esperando e Jean entrou no prédio. Cerca de 30 minutos depois, ouvi dois disparos vindos da garagem do prédio, depois ouvi mais dois e muita gritaria. Fiquei desesperado e fui olhar o que era. Pouco tempo depois, uma viatura da PM chegou, militares entraram no local e saíram de lá carregando meu amigo e jogando o corpo na viatura. Assim, do nada mesmo”, relatou Adeon.

O padeiro disse que, ao questionar o que estava acontecendo, os militares foram agressivos, perguntaram o que ele estava fazendo ali e o levaram para delegacia.

“Me levaram para a delegacia por volta das 18h e saí de lá às 4h da manhã de hoje. Relatei tudo o que eu vi e fiz um boletim de ocorrência. Os militares alegaram que meu amigo deu dinheiro falso na compra da TV, mas eu não acredito nesta versão, ele tirou o dinheiro diretamente do banco e, se ele soubesse que eram falsificadas, ele voltaria no local depois? Isso justifica dar um tiro no peito de um trabalhador?”, lamentou o amigo.

Segundo Adeon, Jean era um homem trabalhador e não tinha passagens pela polícia.

Ao G1, o irmão da vítima, Tiago Henrique de Assis de 34 anos, disse que a família está “dilacerada”.

“Menino trabalhador, estamos arrasados, minha mãe só chora, ninguém esperava uma tragédia dessas”, lamentou.

O enterro da vítima foi na quarta-feira (30), às 15h30, no Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte, e será restrito para os familiares.

Fonte: G1