Casos de pacientes infectados com HIV após transplante chocam autoridades
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro anunciou que um grupo multidisciplinar, composto por psicólogos e assistentes sociais, será designado para acompanhar de perto os pacientes transplantados que foram infectados com HIV. O incidente, considerado sem precedentes, envolve pelo menos seis pacientes que receberam órgãos contaminados pelo vírus. O caso está sendo investigado por várias instâncias, incluindo a Ministério da Saúde, a Anvisa, o Ministério Público e a Polícia Civil, que instauraram inquéritos para apurar as responsabilidades.
Os órgãos infectados foram doados ao longo do último ano e passaram por exames realizados por um laboratório privado chamado PCS Laboratórios, que inicialmente deu resultado negativo para o vírus. No entanto, após o transplante, os receptores testaram positivo para HIV, levantando sérias dúvidas sobre a confiabilidade dos testes realizados pela empresa.
Revisão dos testes e suspensão de atividades do laboratório
A Secretaria Estadual de Saúde informou que desde que a PCS Laboratórios começou a realizar os testes, em dezembro de 2023, 288 transplantes foram feitos com órgãos testados pela companhia. Desses, dois doadores foram confirmados como portadores de HIV, o que resultou na contaminação de seis receptores. Agora, todas as 286 amostras de doadores testados pelo laboratório estão sendo reavaliadas para evitar novos incidentes.
O laboratório, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi contratado emergencialmente por R$ 11,5 milhões para atender à alta demanda de transplantes. Com a interdição do laboratório, o Hemorio reassumiu os exames até que as investigações sejam concluídas. A Fundação Saúde, responsável pela contratação, também está sob investigação para apurar a legalidade e a segurança do contrato.
Secretária de Saúde pede calma à população
A Secretária Estadual de Saúde, Cláudia Mello, afirmou em entrevista que o número de casos está limitado e que não se espera um aumento nos diagnósticos. Ela reforçou que o sistema de transplantes do Rio de Janeiro é seguro, apesar desse grave erro. “Esse é um caso sem precedentes, e estamos tomando todas as medidas para garantir que não se repita”, declarou.
Ela também pediu que as pessoas mantenham a confiança no sistema de transplantes, enfatizando que, apesar desse incidente, a doação de órgãos continua sendo uma ação vital para salvar vidas. A secretária reafirmou o compromisso de garantir a segurança das doações e tranquilizar as famílias que estão aguardando transplantes.
Acompanhamento psicológico e suporte social aos pacientes
Para lidar com o impacto emocional desse incidente, uma equipe formada por psicólogos, assistentes sociais e membros da central de transplantes foi criada para oferecer suporte aos pacientes e suas famílias. Além disso, o governo está conduzindo uma reavaliação rigorosa de todas as amostras de sangue armazenadas desde a contratação do laboratório, em dezembro de 2023.
A Secretaria Estadual de Saúde destacou que o estado do Rio de Janeiro possui um dos melhores sistemas de transplantes do país, tendo salvado mais de 16 mil vidas desde 2006. A prioridade no momento é garantir que todos os procedimentos sejam feitos com a máxima segurança e transparência.
Empresa responsável pelos testes não se manifesta
A reportagem tentou entrar em contato com a empresa PCS Laboratórios, responsável pelos exames, para obter esclarecimentos sobre o caso, mas até o momento não obteve retorno.