Qual a diferença da dublagem brasileira para a do resto do mundo?

Lhays Macedo explica todo o processo de adaptação e sincronismo da dublagem nacional

A dublagem é uma das principais atividades quando falamos de produções audiovisuais. Além dos atores que estão em cena, as vozes que substituem as falas originais acabam construindo uma nova percepção artística do personagem e do cenário. Quando uma série ou filme é produzida nos EUA, ao ser distribuída para o resto do mundo ela terá várias “versões” em espanhol, italiano, francês, português e outras que se diferem da língua original da obra.

Com mais de 12 anos de trabalhos na área como dubladora e diretora de dublagem, Lhays Macedo, que já trabalhou em Spirit: O Indomável (2021) e Amor Artificial (2022), conta como é feito o processo de substituição de vozes.

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“A dublagem envolve vários profissionais, principalmente na área da adaptação. O primeiro profissional a receber o script original é o tradutor para dublagem. Ele é especializado em traduzir as expressões e os contextos, e também já há uma adaptação voltada para o labial e o sincronismo”, disse ela”.

Ainda segundo Lhays, toda a “magia” acontece no estúdio, quando os envolvidos pensam em tornar o texto com as linguagens mais próximas da cultura e costumes daquele país no qual a dublagem do filme está sendo direcionada.

“Os outros profissionais a lidarem com aquele texto são o diretor e o dublador. Juntos, dentro no estúdio, no momento da dublagem, eles pensam juntos em soluções para aquele texto ficar ainda mais crível e voltado para a nossa cultura, tudo respeitando a labial e a interpretação”, reforçou.

É possível traduzir ao “pé da letra”?

Aliás, quando nos deparamos em assistir um filme com a linguagem original, conseguimos perceber facilmente as novas realidades se comparadas com a versão dublada. Em alguns casos, fãs acabam reclamando por conta da versão brasileira não traduzir “ao pé da letra” o que foi dito no modelo original. De acordo com Lhays, as pessoas precisam entender que é impossível traduzir literalmente por conta das diferenças de costumes e cultura dos países.

“Cada língua tem suas peculiaridades, suas ordens de construção de frases e, claro, a cultura associada a ela. Na legendagem, por exemplo, toda a tradução precisa se adaptar a uma quantidade limitada de caracteres para ‘caber’ na tela. Na dublagem, a técnica é outra, a adaptação precisa ser feita para a linguagem coloquial do nosso idioma, respeitando o tamanho e o sincronismo”, disse Lhays Macedo.

Essencial quando um filme chega aos cinemas e também nos serviços de streamings, a dublagem brasileira é considerada uma das melhores do mundo, principalmente pela capacidade de aproximar as cenas e os enredos dos personagens de outros países para a realidade do brasileiro.

Nesse cenário, dubladores, como Guilherme Briggs, Mabel César, Maíra Góes, Garcia Júnior, Wendel Bezerra, Isaac Bardavid e tantos outros, acabam participando ativamente das memórias afetivas dos telespectadores de séries, filmes e diversas produções audiovisuais.

“A dublagem brasileira se diferencia pela qualidade de interpretação, técnica de sincronismo e adaptação. Em uma boa dublagem não pode faltar uma boa interpretação. Todo dublador precisa ser ator profissional, a nossa arte é justamente transmitir todas as emoções daqueles personagens apenas com a nossa voz”, explicou Lhays.