Nas áreas rurais, animais como bovinos e equinos são infectados, principalmente, pelo contato com o morcego hematófago. Raiva humana foi tema do Globo Rural deste domingo (10/07)
A raiva, ou hidrofobia, é uma doença infecciosa viral grave que atinge mamíferos, entre eles cachorros, gatos, morcegos, bovinos, suínos, ovinos e humanos. Neste ano, vários casos de raiva humana foram registrados no Brasil, inclusive com mortes, como os registrados em Minas Gerais. Na terça-feira (5/7), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), confirmou o primeiro caso na região desde 1978. O governo do DF antecipou a Campanha de Vacinação Antirrábica, que começou na quarta-feira (6/7). Segundo o Ministério da Saúde, a zoonose é letal em quase 100% dos casos entre humanos. Quais os sintomas da raiva humana? Como é transmitida? Entenda a seguir:
Transmissão
A transmissão da raiva de animais para seres humanos se dá através do contato com a saliva do animal infectado, por mordida, arranhões ou contato direto com feridas abertas. A doença é causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. Cinthya Mayumi Ozawa, infectologista coordenadora do Espaço Pasteur do Instituto de Infectologia Emílio Ribas – espaço especializado no tratamento da raiva – explica que entre 45% e 60% das pessoas que morrem de raiva humana têm menos de 15 anos.
“A criança costuma dormir por mais tempo, quando comparado ao adulto, e dessa forma é mais exposta à espoliação pelo animal. E mesmo quando o animal envolvido é o cão, estudos indicam que o risco de mordedura por este em crianças é 2 a 4 vezes maior do que em adultos”, diz ela.
Sintomas
Segundo a infectologista, em humanos a doença se manifesta com sintomas de febre, dor de cabeça, náuseas, dor de garganta e irritabilidade. Podendo progredir para a raiva “furiosa”, onde se apresentam sinais de espasmo musculares involuntários, convulsões, sensibilidade à luz e dificuldade de deglutir. Casos que chegam a esse estágio evoluem para alteração cardiorrespiratória e óbito. “A forma paralítica pode ocorrer em um terço dos casos e está mais relacionada à raiva transmitida pelo morcego”, diz Cinthya.
Já em animais que predominam em áreas rurais como bovinos, equídeos, ovinos, caprinos e suínos, a transmissão ocorre predominantemente pelo contato com morcegos hematófagos. O quadro clínico de infecção apresenta sinais como, falta de coordenação motora, paralisia dos membros pélvicos, salivação, engasgo, alteração do comportamento e morte.
O que fazer caso seja infectado
Em caso de contato com um animal que tem chances de estar infectado é importante lavar imediatamente o local com água e sabão e em seguida procurar atendimento médico. A infectologista reitera a importância de levar ao atendimento o cartão vacinal e em casos de acidente com animais domiciliados, como cães e gatos, entrar em contato com o dono, para posteriormente obter mais informações que possam auxiliar no tratamento prescrito pelo médico.
“As medidas pós-exposição constituem um esquema vacinal contra o vírus, associado ou não ao soro antirrábico, a depender de fatores relacionados ao ferimento e do animal agressor. É muito importante o tempo decorrente entre o acidente e o recebimento desta profilaxia, assim como completar todo o esquema vacinal, no intervalo correto de indicação. Se realizado adequadamente, a profilaxia pós-exposição para raiva tem a eficácia aproximada de 100%”, informa Cinthya.
Como se prevenir da raiva humana
Para se prevenir, evite a exposição a animais que possam estar infectados. Há casos relacionados a tentativas de resgate de animais atropelados ou alimentação de animais silvestres. Se estiver em uma área suscetível à presença de vetores, como morcegos, utiliza telas nas janelas para evitar a entrada. Não é recomendado tentar matar os morcegos. Mantenha-o em ambiente fechado para que pessoas capacitadas possam capturá-lo.
A vacina antirrábica pode ser usada também na pré-exposição da doença. Ela é indicada para pessoas com alto risco de exposição ao vírus, como veterinários, biólogos e pessoas que trabalham com animais silvestres.
Fonte: Globo Rural