Relatório da CPI inclui governador do AM, secretário e senador; pedidos de indiciamento são 80

Relator havia apresentado versão final do texto sem os representantes do Amazonas, mas atualizou lista. Nome de Luis Carlos Heinze foi incluído e, em seguida, retirado novamente.

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que acrescentou ao relatório final pedidos de indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do secretário de Saúde do estado, Marcellus Campelo.

O nome do colega de CPI senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) chegou a ser incluído por disseminação de fake news, mas foi retirado no fim da tarde.

Com isso, o relatório final pede, no total, o indiciamento de duas empresas e 78 pessoas, entre as quais o presidente Jair Bolsonaro. A votação do relatório está prevista para esta terça.

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Renan chegou a registrar uma versão final do relatório no sistema do Senado nesta manhã, mas retirou em seguida. Essa versão não tinha os nomes de Lima e Campello.

A inclusão dos dois nomes ligados ao governo do Amazonas atende a uma reivindicação do senador Eduardo Braga (MDB-AM). Membro titular da CPI, Braga disse que só votaria a favor do relatório de Renan se os dois nomes fossem incluídos.

O relatório também pede o afastamento de Bolsonaro de todas as redes sociais. O presidente da República costuma disseminar fake news na internet, entre as quais a que associou a vacina contra a Covid a casos de Aids, o que não é verdade.

Pelo calendário da CPI, após a votação, o relatório será encaminhado para a Procuradoria Geral da República (PGR), órgão ao qual caberá conduzir as investigações sobre indiciados com foro privilegiado; as investigações sobre pessoas sem foro serão remetidas para a primeira instância do Ministério Público Federal.

Na semana passada, Renan Calheiros leu a versão do relatório que pedia o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, mais 65 pessoas e duas empresas.

Nesta segunda (25), o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já havia informado que o número de pedidos de indiciamento deveria aumentar.

Veja a lista de pedidos de indiciamento propostos pelo relator da CPI da Covid (na ordem do relatório):

  1. Jair Bolsonaro;
  2. Eduardo Pazuello;
  3. Marcelo Queiroga;
  4. Onyx Lorenzoni;
  5. Ernesto Araújo;
  6. Wagner Rosário;
  7. Élcio Franco;
  8. Mayra Pinheiro;
  9. Roberto Dias;
  10. Cristiano Carvalho;
  11. Luiz Dominghetti;
  12. Rafael Francisco Carmo Alves;
  13. José Odilon Torres Silveira Junior;
  14. Marcelo Blanco;
  15. Emanuela Medrades;
  16. Túlio Silveira;
  17. Airton Antonio Soligo;
  18. Frncisco Maximiano;
  19. Danilo Trento;
  20. Marcos Tolentino;
  21. Ricardo Barros;
  22. Flávio Bolsonaro;
  23. Eduardo Bolsonaro;
  24. Bia Kicis;
  25. Carla Zambelli;
  26. Carlos Bolsonaro;
  27. Osmar Terra;
  28. Fabio Wajngarten;
  29. Nise Yamaguchi;
  30. Arthur Weintraub;
  31. Carlos Wizard;
  32. Paolo Zanotto;
  33. Antônio Jordão de Oliveira Neto;
  34. Luciano Dias Azevedo;
  35. Mauro Luiz de Brito Ribeiro;
  36. Walter Braga Netto;
  37. Allan dos Santos;
  38. Paulo de Oliveira Eneas;
  39. Luciano Hang;
  40. Otávio Fakhoury;
  41. Bernardo Kuster;
  42. Oswaldo Eustáquio;
  43. Richards Pozzer;
  44. Leandro Ruschel;
  45. Carlos Jordy;
  46. Filipe Martins;
  47. Técio Tomaz;
  48. Roberto Goidanich;
  49. Roberto Jefferson;
  50. Hélcio Bruno de Almeida;
  51. Raimundo Nonato Brasil;
  52. Andreia da Silva Lima;
  53. Carlos Alberto de Sá;
  54. Teresa Cristina Reis de Sá;
  55. José Ricardo Santana;
  56. Maconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria;
  57. Daniella de Aguiar Moreira da Silva;
  58. Pedro Benedito Batista Junior;
  59. Paola Werneck;
  60. Carla Guerra;
  61. Rodrigo Esper;
  62. Fernando Oikawa;
  63. Daniel Garrido Baena;
  64. João Paulo Barros;
  65. Fernanda de Oliveira Igarashi;
  66. Fernando Parrillo;
  67. Eduardo Parrillo;
  68. Flavio Cadegiani;
  69. Heitor de Freire Abreu;
  70. Marcelo Bento Pires;
  71. Alex Lial Marinho;
  72. Thiago Fernandes da Costa;
  73. Regina Célia de Oliveira;
  74. Hélio Angotti Netto;
  75. José Alves Filho;
  76. Amilton Gomes de Paula;
  77. Precisa Medicamentos;
  78. VTCLog;
  79. Wilson Lima;
  80. Marcellus Campelo.

Em relação ao relatório anterior, foram incluídos Wilson Lima (epidemia com resultado morte e crimes de responsabilidade); Marcellus Campelo (prevaricação); Antônio Jordão de Oliveira Neto (epidemia com resultado morte); Helcio Bruno de Almeida (incitação ao crime); Heitor Freire de Abreu (epidemia com resultado morte); Marcelo Bento Pires (advocacia administrativa); Alex Lial Marinho (advocacia administrativa); Thiago Fernandes da Costa (advocacia administrativa); Regina Célia Oliveira (advocacia administrativa); Hélio Angotti Neto (epidemia com resultado morte e incitação ao crime); José Alves Filho (epidemia com resultado morte); e Amilton Gomes de Paula (tráfico de influência).

O relatório

O documento com mais de 1.288 páginas pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por considerar que ele cometeu pelo menos nove crimes. O arquivo traz:

  • imagens do presidente provocando aglomerações;
  • declarações em que desdenha da vacina e incita a população a invadir hospitais
  • esforço pessoal de Bolsonaro, ao lado do Itamaraty, para articular com a Índia a compra de matéria-prima para a produção de cloroquina – remédio ineficaz para a Covid.

O relator também detalha o atraso na aquisição de vacinas e a sucessiva falta de resposta às fabricantes, como à Pfizer e ao Instituto Butantan, que desde 2020 tentavam vender o imunizante ao governo brasileiro.

Calheiros ainda responsabiliza duas empresas (Precisa Medicamentos e VTCLog), e mais de 70 pessoas, entre as quais três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, deputados federais, médicos e empresários. Ao todo, o relator aponta para o cometimento de mais de 20 infrações.