Reposição hormonal na menopausa pode ter relação com câncer de mama

Tratamento pode aliviar os sintomas dessa fase, mas é preciso avaliação e acompanhamento médico constantes.

A terapia de reposição hormonal é um tratamento para aliviar os sintomas do climatério e da menopausa, que podem causar inúmeros desconfortos para as mulheres. Com o avanço da idade, os níveis de hormônio diminuem progressivamente, intensificando-se durante esse período. 

Mesmo que o tratamento hormonal possa melhorar os sintomas e a qualidade de vida da mulher, contudo, pode também trazer algumas preocupações, como o aumento do risco de desenvolver alguns tipos de câncer de mama.

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Pesquisas científicas têm lançado luz sobre esse tema, mostrando que um aumento modesto no risco de câncer de mama e do endométrio pode estar associado a determinadas formas de reposição hormonal. O estudo “Associação da terapia de reposição hormonal e o desenvolvimento do câncer de mama e de endométrio”, publicado no Brazilian Journal of Health Review, por exemplo, ressalta o fato de a reposição de hormônios – geralmente de estrogênio e progesterona – nessa fase da vida ser amplamente usada pelas mulheres.

A partir de uma revisão sistemática da literatura científica, a pesquisa aponta evidências de que algumas neoplasias mamárias têm receptores específicos de estrogênio, o que pode estimular a proliferação tumoral. O estudo indica ser recomendado combinar outros hormônios que amenizem ou inibam o efeito estrogênico, como os androgênios, por exemplo. 

Outros periódicos afirmam que o risco é reduzido quando a terapia é acompanhada diretamente por médicos especialistas em áreas como ginecologia, endocrinologia ou, até mesmo, oncologia. Além disso, as chances de desenvolver a doença durante o tratamento hormonal diminuem quando o procedimento dura menos de cinco anos. De acordo com o Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa, o risco representa menos de 1 caso a cada mil mulheres, ao ano.

É importante ressaltar ainda que a mulher na menopausa deve continuar a fazer exames, como o preventivo para câncer de colo do útero. Isso porque o próprio processo de envelhecimento do corpo é um dos fatores de risco para o surgimento do câncer. À medida que as células envelhecem, os dados ligados ao DNA celular se elevam, o que aumenta o risco para que se multipliquem de maneira incorreta.

Sintomas da menopausa, tratamento hormonal e bem-estar 

Conforme ressaltado pelo Instituto Peito Aberto, o climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva na vida da mulher. Este momento é marcado pela última menstruação espontânea e ocorre, de modo geral, entre os 45 e 55 anos.

Ao longo desse tempo, a mulher apresenta sintomas e sinais característicos da mudança hormonal no organismo. Insônia, ondas de calor, excesso de transpiração, problemas para concentração, rubor, palpitações, dificuldades sexuais e irritação são alguns exemplos. 

As manifestações podem ser significativas e prejudicar o bem-estar e a qualidade de vida da população feminina nessa etapa. Por isso, é tão frequente a busca por tratamento. 

Repor os hormônios é uma opção quando as alterações do climatério e da menopausa afetam a vida da mulher. O período de transição pode influenciar o processo de envelhecimento como um todo, provocando a perda de substâncias como elastina e colágeno, o que reduz a elasticidade e resseca a pele. 

Além disso, pode ocorrer a perda óssea, levando à osteoporose no futuro. Nesse sentido, a terapia hormonal é útil para proteger a massa óssea e diminuir os riscos de fratura, por exemplo. O ganho de gordura abdominal e de peso, em geral, a diminuição da libido, a perda de cabelo e dores de cabeça são outros fatores presentes na menopausa. Para eles, a reposição de hormônios também pode trazer alívio.

Segundo o instituto, em níveis elevados, o estrogênio, administrado nessa terapia, estimula o crescimento de células mamárias. Como alguns tipos de câncer de mama são especialmente sensíveis a esse hormônio, há um risco de que células saudáveis se transformem em cancerígenas. Por isso que, conforme observações científicas, é importante controlar a duração do tratamento hormonal. 

Além disso, de acordo com a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Virgínia Fernandes, em artigo enviado à imprensa, a reposição costuma ser contraindicada para mulheres que já tiveram câncer de mama. Ela aponta que existem poucos estudos sobre o tema e que as conclusões são conflitantes, não havendo garantia de segurança do uso desse tratamento em mulheres que já tiveram câncer de mama.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a reposição hormonal, de modo geral, pode ser feita de forma segura por mulheres, sob a condição de haver avaliação, orientação e acompanhamento médico. Além disso, contar com especialista é crucial para tomar decisões baseadas em dados, preservando a saúde e a longevidade.

Fatores de risco e medidas preventivas

Como não existe uma única causa para o surgimento do câncer de mama, é preciso estar atento a diversos fatores pessoais e ambientais que, juntos, podem contribuir para aumentar a probabilidade de desenvolvimento da doença. 

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre os fatores de risco estão idade, sexo – já que as mulheres são mais propensas a esse tipo de neoplasia –, histórico familiar, genética, obesidade, consumo de álcool e tabagismo e falta de atividade física. 

Vale lembrar que ter um ou mais desses fatores não significa que a pessoa vai ter a doença, mas é necessário estar ciente sobre eles. Nesse sentido, adotar um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, atividade física regular, controle de peso, acompanhamento médico em caso de terapia hormonal e medidas como fazer mamografia e outros exames é fundamental.