Rússia bombardeia grandes cidades na Ucrânia, e metade de Kiev fica sem luz

Além da capital, Lviv e Kharkiv foram alvo de ataques; ONU denuncia tortura de prisioneiros de guerra dos dois lado

As cidades ucranianas de Lviv e Kharkiv, além da capital, Kiev, foram atingidas por bombardeios russos nesta terça-feira, no que o governo da Ucrânia disse ser uma resposta ao discurso do presidente Volodymyr Zelensky na cúpula do G20, no qual ele pediu maior pressão sobre o Kremlin para acabar com a invasão. Sirenes de alerta antiaéreas soaram em todas as regiões do país.

Em Kiev, dois prédios residenciais foram atingidos por mísseis, segundo o prefeito. Metade da cidade está sem eletricidade. No total, segundo as autoridades ucranianas, 7 milhões de casas ficaram sem luz.

“Há um ataque à capital. De acordo com informações preliminares, dois edifícios residenciais foram atingidos no distrito de Pechersk. Vários mísseis foram derrubados pelo sistema de defesa aérea de Kiev”, disse o prefeito Vitali Klitschko, em nota publicada nas redes sociais.

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Na região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, duas pessoas morreram na cidade de Shebekino, de acordo com o governador regional Viacheslav Gladkov. Não se sabe se os foguetes que atingiram a região foram um erro das forças russas ou uma represália ucraniana.

Nas últimas semanas, as forças russas atacaram infraestruturas de energia em várias partes da Ucrânia e lançaram mísseis e drones em Kiev. A Moldávia, vizinha à Ucrânia, também ficou parcialmente sem luz após os ataques.

Após os ataques, Kharkiv, assim como outras regiões, sofreram quedas de energia. Em Lviv, o metrô parou, segundo o prefeito Andriy Sadovi. “Explosões são ouvidas em Lviv. Fiquem seguros!”, alertou Sadovi no Telegram, observando que uma parte da cidade está sem eletricidade. Já o prefeito de Kharkiv, Igor Terejov, relatou um “ataque com mísseis” e disse que está tentando descobrir se houve vítimas.

O chefe de Gabinete adjunto do presidente da Ucrânia, Kirilo Tymoshenko, acusou a Rússia pelos bombardeios a Kiev e divulgou um vídeo do que parece ser o local dos ataques, mostrando um grande incêndio em um prédio de cinco andares da era soviética. “O perigo não passou. Fiquem nos abrigos”, acrescentou.

Já o chefe de Gabinete, Andriy Yermak, afirmou que os ataques foram uma resposta ao discurso de Zelensky no G20, onde o presidente ucraniano disse estar convencido “de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar”. O representante da Rússia no encontro, o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, afirmou que as condições da Ucrânia para a paz não são realistas.

No discurso ao G20, o presidente ucraniano também afirmou que, “se a Rússia diz que quer pôr fim à guerra, tem que provar com fatos” .

— Alguém pensa seriamente que o Kremlin realmente quer paz? O que ele quer é obediência. Mas no final das contas, os terroristas sempre perdem — questionou Yermak.

Tortura em prisioneiros de guerra

 

Nesta terça, a ONU denunciou que muitos prisioneiros de guerra capturados pelas forças russas e ucranianas no conflito na Ucrânia são submetidos a tortura e maus-tratos, incluindo choques elétricos.

— A proibição de tortura e maus-tratos é absoluta, mesmo, e sobretudo, em períodos de conflito armado — afirmou a chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner, durante uma videoconferência em Kiev.

Nos últimos meses, a missão entrevistou 150 prisioneiros de guerra detidos pela Rússia, dos quais 139 homens e 20 mulheres, e 175 detidos pela Ucrânia, todos homens.

Segundo Bogner, os presos relataram ter sofrido espancamentos e ataques com cães e que tiveram que ficar nus. Também houve denúncias de violência sexual.

— Eles relataram ter sido espancados com porretes, martelos, chutes e choques elétricos — disse a representante da ONU.

Fonte: AFP