Advogado designado por Lula enfrenta sabatina na CCJ e responde a questionamentos sobre Lava Jato e relação com o ex-presidente
O plenário do Senado aprovou, por 58 votos a 18, nesta quarta-feira (21), o advogado Cristiano Zanin para a vaga de ministro deixada por Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) designou Zanin, conhecido por sua atuação na defesa de Lula durante os processos da Operação Lava Jato e na campanha presidencial de 2022. Aos 47 anos, Zanin poderá atuar por 28 anos no STF, considerando as atuais regras de aposentadoria.
Sabatina
A sabatina do advogado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) durou cerca de 8 horas e foi uma etapa obrigatória para a sua aprovação. Durante esse período, Zanin assegurou aos parlamentares que não se comportará como um “subordinado” de Lula no exercício de suas funções no STF. Ele ressaltou que posições democráticas estão acima de quaisquer outros interesses.
“Tive a honra de conversar com muitas lideranças, bancadas, senadores e senadoras individualmente. Pude ouvir, aprender e ter a certeza de que posições democráticas estão acima de quaisquer outros interesses”, afirmou Zanin.
Embate com Sérgio Moro
Durante a sabatina, Cristiano Zanin foi questionado sobre diversos temas, entre eles, o embate com o ex-juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato que levaram à prisão do ex-presidente Lula em 2018. Moro, agora senador, fez mais de 10 questionamentos a Zanin, indagando sobre a relação do advogado com Lula e se ele se declararia suspeito de julgar processos da Lava Jato.
Lula
Zanin respondeu que teve uma convivência bastante frequente com o petista devido à sua função como advogado de defesa. Quanto à suspeição, ele argumentou que seguirá as regras objetivas, afirmando que não julgará processos nos quais atuou como advogado caso seja aprovado pelo Senado. No entanto, ele ressaltou que é necessário analisar os autos e as partes envolvidas para decidir sobre possíveis impedimentos ou suspeição em processos futuros.
Lava Jato
“Por outro lado, questões futuras, processos futuros, evidentemente que é necessário, para aquilatar ou não uma hipótese de impedimento ou suspeição, analisar os autos, analisar quem são as partes, qual o conteúdo. Até porque não acredito que o simples fato de colocar uma etiqueta no processo, indicar o nome ‘Lava Jato’, isso possa ser critério a ser utilizado do ponto de vista jurídico para aquilatar suspeição ou impedimento”, declarou Zanin.
Aprovação na CCJ
Após a aprovação na CCJ, a indicação de Cristiano Zanin seguiu para votação no plenário principal do Senado, onde eram necessários, no mínimo, 41 votos favoráveis. Com uma ampla margem de votos, o advogado foi confirmado como novo ministro do STF, ocupando a vaga deixada por Lewandowski. Agora, Zanin terá a oportunidade de contribuir para o sistema judiciário brasileiro por um longo período, pautado pelos princípios democráticos e pela sua trajetória como defensor dos interesses de seu cliente, o ex-presidente Lula.