Relatos de 16 servidores e ex-funcionários revelam uma rotina de humilhação e terror psicológico na gestão de Sérgio Camargo. O Fantástico teve acesso aos depoimentos.
“Máquina zero obrigatória para a negrada”. “Negro de esquerda é burro”. “A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes”.
Essas são frases de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares. As declarações geraram repúdio do movimento negro. Pelo teor racista, foram questionadas na Justiça e até pela Organização das Nações Unidas.
Agora, uma ação do Ministério Público do Trabalho pede o afastamento de Camargo, mas pelo que acontece dentro da fundação.
A denúncia é de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação. Relatos de 16 servidores e ex-funcionários revelam uma rotina de humilhação e terror psicológico. A ação foi protocolada na sexta-feira (27) e o Fantástico teve acesso aos 16 depoimentos. Veja a reportagem de Guilherme Belarmino na íntegra aqui no vídeo.
Ministério Público do Trabalho pede afastamento de Sérgio Camargo da Fundação Palmares
RIO – O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com um pedido na Justiça para afastar o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. Ele é acusado de assédio moral, perseguição ideológica e perseguição. A informação foi publicada na noite deste domingo pelo Fantástico, da TV Globo.
— Aconteceu de pessoas serem chamadas aos gritos e serem humilhadas publicamente. Comentários como: “Esses homens que têm esses cabelos altos e de periferia é tudo malandro” — contou um ex-funcionário da fundação ao “Fantástico”.
O MPT também pede que Camargo pague R$ 200 mil por danos morais.
A TV Globo teve acesso aos 16 depoimentos contra Sérgio Camargo. De acordo com Paulo Neto, procurador do MPT, todos eles convergem para os crimes de assédio moral, perseguição ideológica e perseguição. O alvo de Camargo são, especialmente, o que ele chama de “esquerdistas”.
Depoimentos ao MPT afirmam que Camargo pedia que “se achasse um esquerdista, era para avisar”. Ainda segundo os relatos obtidos pelo Fantástico, um ex-diretor era chamado pelo presidente da Fundação Palmares de “direita-bundão” por não exonerar os “esquerdistas”.
Segundo um ex-diretor disse em depoimento ao MPT, Sérgio Camargo “passa mais tempo no Twitter e no Facebook postando e caçando funcionários esquerdistas do que trabalhando”.
Pelo Twitter, Sérgio Camargo afirmou que nunca desqualificou “a aparência de ninguém em toda a minha vida”. Ele ainda afirmou que “orgulho do cabelo é ridículo para o negro”.
Fonte: Fantástico e O Globo