Pesquisa da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) da Prefeitura de São Paulo mostra que 43% das pessoas trans já sofreram violência física em razão a sua identidade de gênero. A rua foi apontada como o local onde as pessoas trans mais sofreram violência (citada por 39% dos entrevistados), seguido de escola (21%) e casa dos pais e outros parentes (21%). Em relação a violência verbal, 80% das pessoas trans disseram já a terem sofrido, principalmente na rua (42%), e na escola (24%).
“Ambos os tipos de violência, física e verbal, ocorrem principalmente nas ruas e escolas, ou seja, dois ambientes da esfera pública fundamentais para o convívio social e o exercício da cidadania”, destaca o texto do estudo.
A pesquisa, divulgada hoje (29), foi feita em três etapas na cidade de São Paulo. Na primeira, de 20 de janeiro a 17 de março de 2020, foram ouvidas presencialmente 947 pessoas trans. Na segunda, de 30 de abril a 16 de agosto de 2020, 594 foram entrevistadas por telefone; na terceira, de 26 de agosto a 28 de outubro, 247 pessoas trans foram entrevistadas presencialmente.
Segundo o levantamento, 78% das pessoas trans saíram de casa precocemente, antes de completarem 21 anos: 49% entre os 16 e os 20 anos, e 29% com 15 anos ou menos. Os dois principais motivos apontados pelos entrevistados para terem deixado o lar foram vontade própria (52%) e brigas/desentendimentos/conflitos (30%).
“Uma constatação importante é que o período da adolescência representa um momento crucial para as pessoas trans. Nesta fase da vida, a grande maioria adquire a percepção do que o seu sexo biológico não coincide com a sua identidade de gênero Esse sentimento acarreta no afastamento precoce do ambiente familiar que, em grande parte, ocorre por volta dos 20 anos de idade. Em geral, este afastamento é acompanhado de brigas, rompimentos familiares e até mesmo, de expulsão de casa”, ressalta o estudo.
Em relação a renda, a pesquisa mostra que 34% das pessoas trans entrevistadas têm rendimentos de R$ 1.046 mil a R$ 2.090 mil por mês; 33%, de R$ 523 a R$ 1.045 mil (um salário-mínimo); 16%, até R$ 522,50; 6% não têm renda; 6% recebem de R$ 2.091 a R$ 3.135 mil e 5%, têm rendimento acima de R$ 3.135 mil.
Já a maioria das pessoas trans que se autodeclararam pretas (36%) recebem rendimentos de R$ 523,00 a R$ 1.045 mil; 27%, de R$ 1.046 mil a R$ 2.090 mil; 24%, até R$ 522,50; 6% não têm renda; 4%, de R$ 2.091 mil a R$ 3.135 mil; e 4%, acima de R$ 3.135 mil.
No que se refere à principal ocupação exercida pela população entrevistada, destaca-se o percentual elevado de travestis (46%) e de mulheres trans (34%) que se declararam profissionais do sexo, acompanhantes e garotas de programa.
“Esta é a principal variável sócio-ocupacional que distingue as identidades de gênero. No caso de homens trans, praticamente, inexiste a ocorrência de pessoas que se declaram profissionais do sexo e, dentre as não binárias, o índice foi de apenas 3%”, destaca o estudo.
A pesquisa completa pode ser acessada na página da prefeitura.