Marcos Scalercio, juiz do trabalho e professor de cursinho preparatório, teria assediado alunas, funcionárias e advogadas. ONG recebeu e encaminhou denúncias à Justiça. Juiz é denunciado por forçar beijos, agarrões e pedido de foto de calcinha
Um juiz do trabalho de São Paulo está sendo acusado de assédio sexual por uma série de mulheres. Marcos Scalercio, que atua Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), teria cometido os crimes em diversas situações.
Segundo as denúncias, o juiz realizaria o assédio em ambientes como fóruns judiciais onde trabalha, pela internet, e também com alunas do curso preparatório Damásio Educacional, onde é professor.
A ONG Me Too Brasil, que presta assistência jurídica e psicológica a vítimas de assédio, recebeu diversas denúncias, que foram encaminhadas aos órgãos competetentes. Por prerrogativas da função de juiz do trabalho, Scalercio só pode ser investigado pela Justiça Federal.
Ao menos dez mulheres teriam sido alvos do juiz. Duas trabalharam com Scalercio no TRT-3, seis foram alunas do magistrado no curso preparatório, e duas teriam sofrido assédio pela internet. As situações teriam acontecido entre 2014 e 2020.
Em todos os casos, o modo de atuação é similar: o juiz teria feito insinuações de teor sexual e, ao receber a negativa, passaria a tratar mal as vítimas. Em pelo menos três situações, o magistrado teria agarrado mulheres e tentado beijá-las à força.
Primeiras denúncias contra juiz foram arquivadas
O TRT-2 chegou a abrir uma apuração disciplinar contra Scalercio, ouvindo três das vítimas. Os desembargadores responsáveis pelo caso, no entanto, decidiram arquivar a investigação, segundo o órgão, por falta de provas.
Após novas denúncias, porém, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) abriram apurações próprias sobre o caso. As investigações estão em andamento e seguem sob segredo de Justiça.
O curso Damásio Educacional, onde Scalercio dá aulas, afirma não ter recebido denúncias de assédio. As vítimas que estudaram no local, porém, dizem ter procurado a instituição para informar sobre a conduta inadequeda do juiz, e que não houve apuração.
O G1 São Paulo, que publicou as denúncias, procurou a defesa do juiz. A defesa do magistrado disse que não se manifestaria sobre o caso.