Com a fase emergencial, que teve início na última segunda-feira (15), o fluxo de passageiros que utiliza o transporte público na região metropolitana de São Paulo (o que inclui o transporte sobre trilhos de Metrô e trens da CPTM, além dos ônibus da EMTU) foi reduzido em até 62% ao ano passado. A informação é do governo de São Paulo.
Segundo o governo, 10,5 milhões de passageiros utilizavam esse tipo de transporte diariamente, antes da pandemia. Com a fase emergencial, esse número caiu 62%, com 4 milhões de usuários por dia.
“Esse movimento diário que, antes da quarentena, era de mais de 10 milhões de pessoas, agora é menos de 4 milhões”, disse Rodrigo Garcia, vice-governador e secretário de Governo de São Paulo.
Com o excesso de internações e batendo recordes de mortes e de casos, o governo paulista decidiu colocar todo o estado na Fase 1- Vermelha do Plano São Paulo desde o dia 6 de março, onde só serviços considerados essenciais podem funcionar. Mas isso não trouxe o impacto esperado na taxa de isolamento.
O governo então decidiu aumentar as restrições da Fase 1-Vermelha, iniciando uma fase emergencial. Com isso, suspendeu as aulas na rede pública, permitindo que as escolas fiquem abertas apenas para a alimentação da população mais vulnerável. Cultos e celebrações religiosas coletivas foram proibidos nessa etapa. O futebol e demais atividades esportivas também foram paralisados. E estabeleceu um toque de recolher entre as 20h e 5h.
Taxa de isolamento
Apesar da afirmação do governo de que houve queda no número de passageiros utilizando o transporte público na região metropolitana nessa fase emergencial, a taxa de isolamento ainda não cresceu da forma esperada. Ontem (18), o índice na capital paulista foi de 43%, bem abaixo dos 55% que o governo considera satisfatório para diminuir a propagação do novo coronavírus. No estado, a taxa foi um pouco maior, 44%.
Do dia 8 de março para hoje (19), a taxa de isolamento subiu apenas dois pontos percentuais na capital paulista. Já com relação ao dia 1º de março, antes das medidas mais restritivas anunciadas pelo governo de São Paulo, o índice subiu cinco pontos percentuais.
Uma taxa acima de 55% de isolamento ajuda a reduzir a transmissão do novo coronavírus, diminuindo os impactos sobre o sistema de saúde, que já está colapsando em todo o estado, com taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTI) acima de 90%.
Operação Descida
Após o anúncio do megaferiadão pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o governo paulista decidiu suspender a Operação Descida. A medida pretende conter a descida de turistas da capital para as cidades do litoral paulista.
Geralmente, a operação descida funciona aos finais de semana no Sistema Anchieta-Imigrantes, oferecendo mais faixas de rodovias para os veículos que trafegam em direção à Baixada Santista e as cidades do Litoral Sul. Mas com o anúncio de antecipação de cinco feriados na capital paulista, que vão juntar com a Semana Santa, prefeitos do litoral decidiram solicitar ao governo paulista a suspensão da operação descida, para reduzir o fluxo de turistas da capital para as cidades do litoral. A suspensão passa a valer a partir de hoje (19) e segue até o dia 30 de março, podendo ser prorrogada.
Esta é a a primeira vez, em 23 anos de concessão do Sistema Anchieta-Imigrante, que a operação descida é suspensa.
Durante o período da fase emergencial no estado será mantida operação normal, conhecida como 5×5, quando três faixas das pistas Sul da Rodovia dos Imigrantes e duas pela Via Anchieta descem rumo à Baixada Santista; e três faixas das pistas Norte da Rodovia dos Imigrantes e duas da Via Anchieta sobem a serra em direção à capital e ao interior do estado.
“As rodovias são essenciais na logística e no transporte de produtos, por isso elas permanecem abertas, entretanto é nosso dever reforçar o pedido para que a população não faça viagens desnecessárias. Fiquem em casa”, disse João Octaviano, secretário Estadual de Logística e Transportes.
Além da suspensão da medida, prefeitos do litoral vão se reunir hoje à tarde para definir novas restrições para a região. Muitas dessas cidades já estão com praias fechadas, mas a intenção é aumentar ainda mais as medidas restritivas para diminuir o fluxo de turistas. Segundo o prefeito de Santos, Rogério Santos, há 14 dias a Baixada Santista apresentava o melhor indicador de todo o estado, com apenas 44% de ocupação dos leitos de UTIs. Mas hoje essa ocupação já está em 80%, o que gera preocupação. “Não venham para a Baixada Santista”, disse hoje o prefeito, durante entrevista coletiva.
Segundo o governo paulista, o fluxo de turistas para a Baixada Santista caiu 35% nos últimos dois finais de semana (5 a 7 de março e 12 a 14 de março), quando as medidas mais restritivas foram anunciadas para o estado de São Paulo.