Tatuzão fica alagado e preso em túnel após acidente em obra da Linha 6- Laranja do Metrô de SP; peças serão substituídas

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Por g1 SP — São Paulo

O equipamento conhecido como “tatuzão”, que era usado nas escavações do túnel da Linha 6-Laranja, ficou danificado após o acidente na obra do Metrô na manhã de terça-feira (1º). O tatuzão foi batizado com o nome de Maria Leopoldina, é operado por mais de 40 pessoas e possui até um refeitório.

Segundo a Acciona, concessionária responsável pela obra, o tatuzão estava a 1,8 metro de distância do local que desmoronou. Para o presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, Paulo Ferreira, a trepidação causada pelo tatuzão é uma das hipóteses para o acidente.

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O que se sabe é que o tatuzão seguia no trecho sentido sul, na direção do Rio Tietê, entre as futuras estações Santa Marina e São Joaquim, e estava cerca de 3 metros abaixo do nível da tubulação de esgoto que rompeu e inundou a obra, ao lado do poço de ventilação.

Com o vazamento, o asfalto cedeu e abriu uma cratera na pista local da Marginal Tietê, no sentido Ayrton Senna, entre as pontes da Freguesia do Ó e do Piqueri, na Zona Norte de São Paulo. A causa do rompimento da galeria de esgoto ainda é desconhecida e será investigada.

“Obviamente esse tatuzão vai ter que ser todo reformado, já está sendo comprado todo o equipamento, para que a gente possa rapidamente fazer a recomposição do tatuzão para que ele volte a operar.”, afirmou Paulo Galli, secretário dos Transportes Metropolitanos.


O estado do ‘Tatuzão’ — Foto: Arte/g1

O tatuzão ficou inundado com a água do esgoto da rede coletora que rompeu e está preso no túnel do Metrô. O equipamento só poderá ser reparado após a drenagem da água do local. Ainda não há previsão para que isso ocorra.

Na manhã desta quarta-feira (2), caminhões jogavam rochas no poço de ventilação para concretagem do local. O objetivo é dar sustentação para impedir novas erosões do asfalto da marginal e conseguir reparar a tubulação de esgoto após a drenagem da água.

G1 perguntou à Acciona e à Secretaria de Transportes Metropolitanos se o equipamento já tinha passado pela tubulação de esgoto, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

A concessionária concluiria a escavação do túnel, e a previsão era terminar nesta quarta-feira, com o “encontro dos túneis da linha”: um que vinha no sentido Centro, outro no sentido bairro.

Imagem da parte interna do tatuzão usado para a escavação da linha 6 – Laranja, do Metrô de São Paulo; Equipamento possui até refeitório — Foto: Reprodução/GESP

Os funcionários notaram que havia algo errado quando uma quantidade de água acima do normal começou a verter do solo. Os cerca de 50 operários que trabalhavam ali evacuaram o túnel do Metrô. Ninguém ficou ferido, no entanto, quatro funcionários que tiveram contato com o esgoto foram levados ao hospital por precaução.

A Acciona, concessionária responsável pelas obras, afirma que sabia da presença da tubulação de esgoto da Sabesp e que o tatuzão não atingiu a estrutura da rede de esgoto, apenas passou perto. Uma das hipóteses é a de que a vibração provocada pela máquina tenha danificado essa estrutura da Sabesp, mesmo se tratando de uma estrutura nova da companhia de água e esgoto do estado.

Oficialmente, a Acciona e a Linha Uni dizem apenas que “ocorreu um rompimento de uma coletora de esgoto próximo ao VSE Aquinos (Poço de Ventilação e Saída de Emergência)”.

Imagem aereas de drone mostra a cratera aberta em uma das pista da Marginal do Rio Tietê em São Paulo no sentido da Rodovia Ayrton Senna na tarde desta treça-feira (01) depois do rompimento de uma galeria de esgoto que fez ceder o asfalto no canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô, próximo a Ponte do Piqueri. — Foto: MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Maria Leopoldina

A roda de corte ou tuneladora começou a funcionar no dia 16 de dezembro e foi batizada de “Maria Leopoldina”, em homenagem à imperatriz brasileira que teve papel fundamental na independência do país.

A tuneladora pesa 2 mil toneladas e tem 109 metros de extensão, com diâmetro de escavação de 10,61 metros. Ela pode perfurar aproximadamente 12 metros por dia. São necessárias 45 pessoas para operar a máquina.

O tatuzão possui refeitório, cabine de enfermagem e esteira rolante para a retirada do material escavado, além de cabine de comando e equipamentos auxiliares.

A roda de corte começou a percorrer a Ventilação e Saída de Emergência (VSE) Tietê e percorreria o trecho até a Avenida Senador Felício dos Santos, logo após a estação São Joaquim, no bairro da Liberdade, no Centro da capital paulista. O tatuzão teria que percorrer dez quilômetros, abrangendo dez estações, com escavações em solo.

A Linha 6-Laranja promete ligar o Centro à Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha irá reduzir a 23 minutos um trajeto que hoje é feito de ônibus em cerca de uma hora e meia. Quando estiver concluída, cerca de 630 mil passageiros devem usar a linha diariamente.

Estão previstas conexões com as linhas 4-Amarela, do Metrô, e com a 7-Rubi e a 8-Diamante, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Desmoronamento

O acidente ocorreu na pista local da Marginal Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna, depois da Ponte do Piqueri, na Zona Norte de São Paulo, na manhã de terça-feira (1º).

Uma cratera se abriu na Marginal Tietê após o asfalto ter cedido ao lado da obra do Metrô da Linha 6-Laranja. O desmoronamento ocorreu ao lado de um poço cavado construído entre as futuras estações Santa Marina e Freguesia do Ó. Ao longo da manhã, o buraco aumentou de tamanho.


Foto aérea mostra a cratera na Marginal Tietê, em São Paulo, ao lado da obra do Metrô da linha Laranja — Foto: Carla Carniel/Reuters

De acordo com Galli, o vazamento de uma galeria de esgoto causou o acidente. Segundo Galli, provavelmente o solo não suportou o peso da galeria, que passava 3 metros acima da máquina conhecida como “tatuzão” e acabou se rompendo.

Ainda segundo o secretário, o “tatuzão” não atingiu a tubulação. Ainda não se sabe o que causou o vazamento. O governo investiga as causas.

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que um “tatuzão” havia rompido uma adutora, que alagou a galeria. No entanto, o secretário afirma que o equipamento passava três metros abaixo da galeria e não houve choque com a adutora.

Fonte: G1