Tempestade na Líbia deixa mais de 5 mil mortos e se torna a mais mortal já registrada no Norte da África

Números ultrapassam a inundação registrada na Argélia em 1927

Tempestade deixa milhares de mortos e desaparecidos na Líbia
Crédito: Handout/Anadolu Agency via Getty Images
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No nordeste da Líbia, a tempestade Daniel desencadeou fortes chuvas que resultaram no colapso de duas barragens, ampliando as áreas já inundadas e provocando uma tragédia sem precedentes. Tamer Ramadan, chefe da delegação da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho na Líbia, revelou a magnitude da tragédia, enquanto as autoridades locais relatam que mais de 5.300 pessoas foram consideradas mortas, tornando essa tempestade a mais letal da história do Norte da África desde 1900.

A devastação causada pela tempestade Daniel supera em muito a inundação registrada na Argélia em 1927, que ceifou cerca de 3 mil vidas. O governo oriental da Líbia divulgou essa chocante estatística, embora a confirmação independente dos números de mortos e desaparecidos ainda não tenha sido possível.

Nesse terrível cenário, as autoridades na cidade de Tobruk, no nordeste da Líbia, relataram que pelo menos 145 das vítimas eram egípcias, acentuando a dimensão internacional dessa catástrofe.

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No entanto, o drama não para por aí. A cidade de Derna, que sofreu o impacto mais devastador da tempestade, enfrenta um desafio angustiante, já que cerca de 6 mil pessoas continuam desaparecidas. O ministro da Saúde do governo apoiado pelo parlamento oriental da Líbia, Othman Abduljalil, descreveu a situação como “catastrófica” e a cidade, agora, se assemelha a uma “cidade fantasma”.

Enquanto isso, os hospitais em Derna pararam de funcionar e os necrotérios estão abarrotados de corpos, levando a uma situação de caos e desespero. Voluntários e médicos enfrentam um desafio hercúleo na tentativa de recuperar os corpos em decomposição que estão espalhados por toda a cidade.

Parentes aflitos de Derna vivenciam um pesadelo de incerteza, pois as comunicações caíram e eles não têm notícias de seus entes queridos. A falta de informações agrava ainda mais o temor e a ansiedade que dominam a região.

Na cidade vizinha de Tobruk, um morador compartilhou a angústia de perder oito parentes nas enchentes, e a tragédia afeta inúmeras famílias que perderam entes queridos e suas casas em um evento catastrófico que abalou toda a região.

As condições climáticas desencadeadoras dessa calamidade são resultado de um sistema de baixa pressão excepcionalmente poderoso que já havia causado inundações devastadoras na Grécia. Esse sistema evoluiu para um ciclone tropical após se deslocar para o Mediterrâneo.

O aquecimento global tem contribuído para o aumento das temperaturas dos oceanos, incluindo o Mediterrâneo, tornando as tempestades mais intensas e perigosas. Especialistas alertam que a elevação da temperatura da água do mar não apenas intensifica a pluviosidade, mas também torna as tempestades mais ferozes.

A situação na Líbia é ainda mais agravada pela instabilidade política de longa data, que resultou em um país dividido entre facções rivais desde 2014. Com uma infraestrutura já debilitada e a falta de coordenação devido ao conflito político, o país se encontra particularmente vulnerável a desastres naturais como esse.

Em resumo, a tempestade na Líbia se tornou a mais mortal já registrada no Norte da África, com um número chocante de mortos e desaparecidos. O impacto devastador dessa catástrofe é agravado pela instabilidade política do país e pelas mudanças climáticas globais, destacando a urgência de medidas para enfrentar os desafios climáticos e promover a estabilidade política na região.