A Ucrânia revelou ter recuperado cerca de 20 quilômetros quadrados (km²), nos últimos dias, nos arredores de Bakhmut, o epicentro dos combates nos últimos meses. Na madrugada de ontem (16), Kiev voltou a ser alvo de ataques aéreos pelas forças russas.
“Nos últimos dias as nossas tropas libertaram cerca de 20 km² a norte e sul de Bakhmut”, disse a ministra ucraniana da Defesa, Ganna Maliar.
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No entanto, a governante reconhece que “as tropas russas continuam a avançar para a cidade, que está sendo destruída pela artilharia”. Mais de 90% da cidade é controlada pelas tropas de Moscou.
Já o líder do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, confirmou que as unidades mercenárias “avançaram 200 metros e ocuparam uma área de 113 mil metros quadrados”. Apenas 1,46 km² permanecem no controle inimigo [ucraniano] em Bakhmut, acrescentou.
Prigozhin também anunciou em um vídeo, publicado na terça-feira, a morte de um voluntário norte-americano que lutava ao lado das forças de Kiev no Leste da Ucrânia.
Novos ataques
Durante a noite, a Ucrânia afirmou ter repelido mais um ataque das forças russas em Kiev, com o abate de seis mísseis hipersônicos russos Kinjal e 12 outros dispositivos, incluindo mísseis de cruzeiro Kalibr, mísseis antiaéreos S-400 e mísseis balísticos Iskander, bem como drones de fabricação iraniana.
Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, três pessoas ficaram feridas no ataque, que ocorreu horas antes da chegada à capital ucraniana do enviado chinês Li Hui para uma visita de dois dias.
Moscou nega o abate dos equipamentos militares e afirma que o exército russo destruiu um sistema Patriot de fabricação norte-americana durante o ataque aéreo a Kiev e interceptou seis mísseis britânicos de longo alcance Storm Shadow.
A porta-voz da Força Aérea ucraniana descartou a possibilidade de um míssil russo Kinzhal ter destruído o sistema de defesa aéreo Patriot. “É impossível”, afirmou Yuriy Ihnat, à Reuters.
Mais tarde, dois representantes norte-americanos afirmaram que o sistema Patriot pode ter sofrido danos, mas que não ficou destruído.
Atualmente a Ucrânia tem dois sistemas de defesa aérea Patriot, um fornecido pelos EUA e o outro doado em conjunto pela Alemanha e Países Baixos.
Caças F-16
O Reino Unido e os Países Baixos querem criar uma “coligação internacional” para apoiar a Ucrânia com caças F-16, um equipamento considerado fundamental e que Volodymyr Zelensky, há muito tempo, solicitava aos aliados ocidentais.
O anúncio foi feito em Reykjavik, durante a cúpula do Conselho da Europa, pelos primeiros-ministros do Reino Unido, Rishi Sunak, e dos Países Baixos, Mark Rutte. A maioria dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) mantém em aberto a possibilidade de enviar F-16 para a Ucrânia.
“O primeiro-ministro reiterou a sua convicção de que o lugar legítimo da Ucrânia é na Otan e os líderes concordaram com a importância de os aliados fornecerem assistência de segurança a longo prazo à Ucrânia para garantir que possam impedir futuros ataques”, afirmou o porta-voz do gabinete de Sunak.
O presidente ucraniano já reagiu ao compromisso anunciado pelo Reino Unido e Países Baixos. Para Zelensky, “é um bom começo”. “Muito obrigado a todos”.
Já a França se ofereceu para treinar os pilotos de caça ucranianos, mas excluiu a possibilidade de enviar aviões de guerra para Kiev.
Soldados russos mortos
As Forças Armadas ucranianas afirmaram nesta quarta-feira que o número de combatentes russos mortos desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, ultrapassou os 200 mil – número muito superior ao que a Rússia reconhece.
O Estado-Maior do Exército ucraniano declarou, no Facebook, que “cerca de 200.590 pessoas foram mortas”, incluindo 610 nos combates registados nas últimas 24 horas, na cidade de Bakhmut.
Os militares ucranianos afirmam que, desde o início da guerra, foram destruídos 3.771 tanques de guerra, 3.166 sistemas de artilharia, 318 sistemas de defesa antiaérea, 308 aviões, 294 helicópteros, 2.748 drones, 982 mísseis de cruzeiro, 18 navios, 6.067 veículos e tanques de combustível e 417 peças de “equipamento especial”.
A Rússia não fornece dados sobre baixas no conflito desde setembro, quando o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, confirmou a morte de 5.937 soldados.
O portal de notícias russo Mediazona elevou para 22.055 o número total de mortos, dos quais 2.367 nos últimos 15 dias. Estes números foram comprovados, segundo o veículo, por dados públicos disponíveis em um trabalho de levantamento realizado em conjunto com a emissora britânica BBC.