Técnica está em ascensão no Brasil e envolve decoração, organização e reparos na residência
Imóveis preparados para venda a partir das técnicas de home staging vendem até dez vezes mais rápido. Além disso, podem chegar a ter ofertas três vezes acima do valor anunciado. Os dados são da Associação de Home Staging do Reino Unido e Irlanda.
Home staging é o preparo de uma residência para locação ou venda com o objetivo de torná-la mais atraente ao maior número de clientes em potencial. A ideia para que a dinâmica de compra e venda de imóveis ocorra de maneira mais rápida é potencializar pontos fortes de casas e apartamentos, criando atrativos para que esses ambientes sejam mais vendáveis.
Sua aplicação envolve decoração, organização e reparos — que podem ser pequenos, como a pintura de uma parede, ou maiores, como a ampliação de um cômodo.
Em tradução literal, o termo home staging significa “encenação de casa”. Surgiu nos Estados Unidos na década de 70, pela corretora de imóveis Barb Schwarz. A partir de suas vivências na área de teatro e cenografia, Barb uniu conhecimentos dos dois universos para preparar um imóvel como se fosse um cenário e encantar possíveis clientes.
A estratégia se consolidou quando Schwarz percebeu que a prática de certos artifícios para otimizar a aparência de ambientes agregava valor ao imóvel. Dessa forma, ele passava a ser vendido ou alugado em um prazo menor e com um valor mais alto do que inicialmente valeria.
No Brasil, o tema vem crescendo à medida que os profissionais percebem sua relevância e começam a aplicá-lo em suas vendas. Nas capitais, quando os consumidores vão à procura de um novo imóvel — um apartamento para comprar em São Paulo, por exemplo —, já é possível se deparar com ambientes preparados a partir do home staging.
Como funciona o home staging
O home staging é pautado sobre três pilares, que incluem estratégias de marketing, design de interiores e noções atualizadas a respeito do mercado imobiliário.
Como essa técnica consiste na preparação do imóvel para que ele possa ser vendido ou alugado rapidamente, o corretor deve evidenciar pontos fortes do local. Isso permite que o potencial cliente visualize melhor o potencial de cada cômodo e possa se imaginar vivendo no novo lar ainda durante a visitação, como esclarece Guilherme Nazar, vice-presidente da área de apartamentos próprios da Loft, em entrevista à revista Casa e Jardim.
O home staging pode ser aplicado em qualquer tipo de imóvel, não ficando restrito a layouts ou metragens específicas. É necessário, porém, fazer um estudo para compreender qual o estilo e potencial de cada lugar.
Conforme o Núcleo de Home Staging — formado por profissionais do Reino Unido e Brasil e único filiado à Associação Internacional de Profissionais de Home Staging (IAHSP) —, a técnica busca despersonalizar a decoração do espaço e criar um cenário neutro e propício para o futuro comprador. Essa abordagem, portanto, difere da decoração de interiores, que foca em personalizar o imóvel com as características do proprietário.
Como aplicar a técnica na prática
O Guia de Home Staging, do Núcleo, estabelece três passos simples para ambientar uma propriedade, com dicas que podem ser colocadas em prática por proprietários, imobiliárias ou profissionais do segmento.
O primeiro passo consiste em definir para quem o staging está sendo feito, identificando as condições demográficas e psicográficas do comprador em potencial. Esclareça também quais os pontos fortes da propriedade e o que faz com que ela se destaque entre as outras do bairro ou vizinhança.
Nessa etapa, a dica é conhecer outros imóveis, estudar a concorrência. Esse percurso pode ser realizado tanto pessoalmente quanto de on-line. A partir daí, é válido fazer uma lista do que pode ser útil e o que não deve ser aplicado nos imóveis em questão.
O segundo momento deve ser destinado a uma análise minuciosa do local que passará pela nova decoração. É importante caminhar pela propriedade, tomar notas e tirar fotos para identificar quais áreas precisam de reparos e as características que devem ser realçadas.
O estilo também pode ser definido nesse passo. Novamente, recomenda-se fazer um planejamento específico.
A ideia aqui é despertar sentimentos nos compradores e ajudá-los a se visualizar morando na propriedade e incorporando o estilo de vida proposto.
Nesse sentido, a ambientação deve ser pensada com foco no consumidor, considerando o propósito do ambiente, ponto focal e circulação.
O terceiro passo é divulgar o anúncio do imóvel. Conforme a IAHSP, mais de 90% dos compradores começam pelas buscas on-line. Contratar um fotógrafo profissional para fazer as fotos de divulgação é uma dica para causar uma boa primeira impressão.
A equipe envolvida deve ainda verificar se o trabalho de staging é coeso e consegue se conectar com o potencial comprador. Além disso, nem sempre o resultado será como o planejado, pois é preciso estar aberto e atento para fazer as edições necessárias no projeto.
Como enfatizado em artigo da Casa e Jardim, o home staging pode ser feito com móveis reais ou cenográficos (de papelão). Uma opção para transformar o ambiente sem gastar muito é investir em objetos que proporcionem aconchego à casa, como tapetes novos, cortinas e almofadas neutras. Itens muito personalizados ou que remetam aos donos da casa devem ser evitados.
Os valores para a aplicação da técnica dependem de cada ambiente, da qualidade e do tamanho de itens que precisam ser adquiridos, além da eventual necessidade de reforma ou reparo.