Cerimônia acontecerá na tarde deste domingo, em São Paulo, em local não divulgado para a imprensa
O velório e o enterro da atriz Eva Wilma acontecerão na tarde deste domingo (16/5), em cerimônia restrita a familiares da artista, morta aos 87 anos em decorrência de um câncer de ovário. O local onde ocorrerá o sepultamento, em São Paulo, não foi divulgado para a imprensa, para que se evitem aglomerações durante a pandemia.
“Vivinha, é assim que vamos lembrar de você. Obrigado pelos momentos maravilhosos que vivemos juntos e estarão eternamente em nossos corações”, escreveram os agentes da atriz no Instagram, em comunicado sobre a morte da artista, na noite de sábado (15/5).
Eva Wilma Riefle Buckup Zarattini nasceu em São Paulo, em 1933, filha de um metalúrgico alemão e uma portenha judia. Em setembro de 2020, a atriz comemorou 70 anos de carreira. No início da década de 1950, após chamar a atenção como bailarina clássica, ela estreou como figurante em filmes italianos e fez dois filmes com o diretor Armando Couto e o ator Procópio Ferreira, “O Homem dos Papagaios” e “A Sogra”. Ao longo da carreira, trabalhou com diretores como Walter Hugo Khouri (“A ilha”), Luiz Sérgio Person (“São Paulo S.A”) e Roberto Farias (“A cidade ameaçada”).
Na TV, a atriz estreou na Tupi, em 1953, no seriado “Namorados de São Paulo” (depois rebatizado para “Alô, doçura”). Ao GLOBO, ela relembrou que eram horas de ensaio antes da ação acontecer em tempo real, diante das câmeras. Na época, a televisão era toda feita ao vivo — o videotape só chegou em 1959, na TV Continental, no Rio.
— Tudo era muito artesanal. A gente ensaiava e combinava tudo antes. Chegava ao fim da tarde e era “vamos ao ar, salve-se quem puder” — contou a atriz, lembrando-se dos textos que eram escondidos no cenário. — Em São Paulo, se chamava cola; no Rio, dália (gíria que surgiu após um ator colar suas falas num vaso de dálias). Usávamos nossa marcação de cena para escolher peças do cenário para colar a dália.
A atriz Eva Wilma durante o teste para o filme ‘Topázio’, de Alfred Hitchcock, em 1969 Foto: Arquivo pessoal
Ao longo dos anos 1970, Eva Wilma se tornou uma das principais estrelas da TV brasileira. Fez sucesso atuando ao lado do ator Carlos Zara em diversos programas, muitas vezes como par romântico. Os dois foram casados durante 23 anos. A atriz teve dois filhos, Vivien Riefle Buckup, e John Herbert Riefle Buckup, ambos de sua união com o também ator Jonh Herbert, com quem foi casada entre 1955 e 1956.
Os sucessos da atriz na telinha incluem as gêmeas Ruth e Raquel na primeira versão de “Mulheres de Areia”, de Ivani Ribeiro, e papeis em novelas como “A viagem”, “O direito de nascer” e “Selva de pedra”. Na década de 1990, fez sucesso como Altiva, com seu sotaque nordestino e misturado com inglês na fictícia Greenville.
Em entrevista ao GLOBO, em 2019, a atriz falou com empolgação sobre os projetos nos quais esteve envolvida, como a novela “O tempo não para”, de 2018, um recital e a comédia “As aparecidas”, dirigida por Ivan Feijó. Com bom humor, Wilma admitia os reveses que a idade tinha trazido, como as dificuldades para decorar texto (“lembrar as datas, então, é um horror”). Ela lamentava a perda de amigos, mas dizia que continuava em frente.
— O segredo para seguir é não se levar a sério — asseverou.
Engajada politicamente, ela militou contra a ditadura militar e participou da histórica Marcha dos Cem Mil em 1968. Na novela “Roda de fogo”, fez o papel da ex-militante Maura, torturada durante a ditadura. Após um período ausente, voltou às novelas com “Fina Estampa”, de 2011. Também fez aparições no seriado “A grande família”, em 2014.
Em setembro, aderiu às lives, apresentando-se dentro de casa com o espetáculo virtual “Eva, a live”, transmitido no YouTube e no Instagram.