Incidente com a criança aconteceu nesta segunda-feira (5). Segundo a prefeitura, animais seriam cações, uma espécie de tubarão. Ainda não é possível saber se os animais avistados na imagem são os mesmos que provocaram ferimentos no menino de 11 anos.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um cardume de tubarões na mesma praia e no mesmo dia em que um menino de 11 anos ficou ferido em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, na segunda-feira (15).
Segundo a prefeitura, um cardume de cações esbarrou e feriu a criança. Carlos Alexandre Oliveira Marques foi socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e precisou levar pontos na perna.
Nas imagens, gravadas por banhistas que estavam no local após o incidente, é possível ver que alguns dos animais marinhos estão mais próximos da região rasa do mar (veja vídeo). Os banhistas observam curiosos, mas longe da água. Ainda não é possível saber se os animais avistados na imagem são os mesmos que provocaram ferimentos no menino de 11 anos.
O incidente ocorreu por volta das 12h desta segunda-feira (15), na Praia do Boqueirão. Segundo a prefeitura, o animal tratava-se de um cação. A criança estava no mar, brincando com um primo e o irmão mais velho, quando viu o tubarão na direção de sua perna.
O menino relata que estava nadando com o irmão e um primo quando ouviram banhistas gritando por ‘tubarão’. “A gente ficou desesperado e tentamos sair […]. Daí, eu comecei a sentir uma dorzinha na minha perna, olhei e vi que tinha uma barbatana, que era um animal meio azul, tipo tubarão. Eu fiquei balançando a perna, aí caiu, e corri rápido para sair”, relembra.
Segundo o menino, em seguida, um homem pegou em sua mão e perguntou se ele estava bem. “Eu disse que não, que minha perna estava doendo, e ele me carregou até o salva-vidas”, diz.
Depois, chamaram uma ambulância e ele foi conduzido à UPA. Ainda de acordo com o menino, tudo aconteceu muito rápido.
“Quando a gente viu, já estava muito perto de nós. Até que foi pequeno o corte, mas quando olhei, estava saindo muito sangue, então fiquei desesperado, achando que coisa pior tinha acontecido. Só que depois que os médicos limparam minha perna, vi que não precisava ficar preocupado”, relatou.
O contato com o o animal chegou a rasgar um pedaço da bermuda do menino. Agora, Carlos afirma que evitará sempre passar da altura do joelho quando estiver no mar.
“Quando eu entrar no mar, não vou sair do joelho para baixo, se passar do joelho, eu volto. Pensar que, do nada, um tubarão ali do meu lado, foi um susto grande”.
Criança esbarrou em cardume
Em nota, a prefeitura afirmou que um cardume de cações, em deslocamento do Sul para o Leste do país, esbarrou na criança e a feriu, causando uma lesão sem gravidade na perna esquerda, segundo informações do sargento Nunes, do Corpo de Bombeiros, que acompanhou a ocorrência.
De acordo com a administração, a criança foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento e levou pontos na coxa esquerda.
Para o sargento, o cardume estava em deslocamento na zona de arrebentação de ondas – o que não é normal -, pode ter se assustado com o movimento de banhistas e esbarrado na criança, causando o ferimento. Geralmente, segundo o bombeiro, os cardumes se deslocam em áreas mais profundas. Pelo deslocamento ter sido rápido, não houve interdição ou ação preventiva nas praias.
Biólogo explica
Ao g1, o biólogo marinho Eric Comin explicou que, observando as imagens, identificou tratar-se realmente de pequenos cações, que são tubarões.
“Não existem acidentes com tubarões, digamos que possam ocorrer incidentes, porque nós, seres humanos, não fazemos parte da cadeia alimentar. Os animais estão ali no ambiente natural deles, o que pode acontecer é que algum animal deu à luz, porque ali é um grande berçário de espécies marinhas”, disse.
De acordo com o especialista, o esbarrão de um tubarão pode causar um ferimento. “Os tubarões possuem dentículos derme-epidérmicos, que são como se fossem uma lixa, então, quando passam, podem raspar. Eles [tubarões] têm medo, e quando entramos na água, normalmente costumam correr”, relata.
Segundo Comin, o animal é chamado de cação porque é vendido por pescadores.
“Mas, é uma carne que precisa ser abolida da refeição das pessoas, porque, além de ser uma espécie ameaçada de extinção, eles são topo de cadeia, então, têm função importantíssima no ambiente em que vivem, e acumulam metais pesados, como mercúrio e chumbo, substâncias que, quando acumuladas no organismo do ser humano, podem levar as pessoas a terem demência”, diz.