Defeito no Painel Causou Queda do Avião da Voepass que Matou 62 Pessoas, diz Relatório do Cenipa

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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou nesta sexta-feira (06) um relatório preliminar sobre a queda do avião ATR-72 da Voepass, ocorrida em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto de 2024. O acidente, que resultou na morte de 62 pessoas, incluindo passageiros e tripulantes, aconteceu enquanto o voo 2283 seguia de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP).

De acordo com o documento, o avião apresentou problemas no sistema de degelo, que teria funcionado de maneira intermitente, ligando e desligando várias vezes antes da queda. Além disso, foi identificado um defeito no painel de navegação, o que pode ter aumentado a complexidade para os pilotos controlarem a aeronave, especialmente em condições adversas de voo.

Informações Preliminares sobre o Acidente

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Na coletiva de imprensa realizada em Brasília, o Cenipa informou que a aeronave possuía todas as licenças necessárias para operar e que os registros técnicos de manutenção estavam em dia. Segundo o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, responsável pela investigação, o avião estava devidamente certificado para voar em condições de gelo, e os pilotos tinham recebido treinamento específico para operar em tais situações, realizado em simuladores.

O sistema de degelo da aeronave, responsável por evitar o acúmulo de gelo nas superfícies externas, apresentou falhas durante o voo. O sistema ligou e desligou várias vezes, o que pode ter comprometido a segurança do voo, segundo o relatório. Entretanto, o documento ressalta que essas conclusões ainda são preliminares e que o relatório final será divulgado em uma data posterior, após análises mais detalhadas.

A aeronave caiu em uma área rural de Vinhedo, a cerca de 115 km de seu destino final, Guarulhos (SP). Todos os 62 ocupantes do avião, entre eles passageiros e tripulantes, morreram na tragédia. Entre as vítimas, estavam famílias inteiras que voltavam de férias, além de empresários e tripulantes com vasta experiência de voo.

Defeitos no Painel de Navegação e Outras Falhas

O relatório do Cenipa revelou que o Indicador Eletrônico de Situação Horizontal (EHSI), uma peça do painel de navegação que ajuda a integrar e visualizar dados de GPS, radar e outros instrumentos de voo, estava com um defeito pendente de reparo. Embora o EHSI não seja um equipamento obrigatório para o voo, ele facilita a leitura de dados essenciais durante a navegação, especialmente em situações críticas. Sem o EHSI funcionando corretamente, os pilotos podem ter enfrentado dificuldades para processar a grande quantidade de informações de voo, o que aumentou a carga de trabalho no cockpit.

Além do problema no painel, outros defeitos menores foram identificados na aeronave, incluindo um freio inoperante para aterrissagem e taxiamento e o limpador de para-brisa do lado do copiloto, que também não funcionava adequadamente. Embora esses problemas não sejam considerados determinantes para a queda, foram registrados como falhas que poderiam comprometer a operação segura do avião.

O documento preliminar apontou também que o gravador de voz da cabine capturou conversas do copiloto sobre a necessidade de “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos dentro do avião. A transcrição, com cerca de duas horas de duração, foi realizada pelo laboratório de leitura e análise de dados do Cenipa. As informações indicam que o avião perdeu altitude de forma repentina, mas os investigadores ainda não confirmaram se isso foi a causa direta da queda.

Investigação Paralela da Polícia Federal

Além da investigação conduzida pelo Cenipa, a Polícia Federal (PF) também está apurando as causas do acidente, com o objetivo de identificar possíveis falhas humanas ou técnicas que possam resultar em responsabilizações criminais. Peritos criminais do Instituto Nacional de Criminalística estão trabalhando em conjunto com os investigadores do Cenipa para realizar exames nos destroços da aeronave e nas caixas-pretas.

A PF está responsável pela elaboração de um Laudo de Sinistro Aeronáutico, que trará um detalhamento técnico sobre os fatores que contribuíram para o acidente. Esse laudo será comparado com os depoimentos de testemunhas e análises de evidências para verificar se houve negligência ou imperícia por parte da tripulação, da Voepass ou de outras entidades envolvidas.

Situação da Voepass e Suporte às Famílias das Vítimas

Em comunicado à imprensa, a Voepass afirmou que a aeronave envolvida no acidente estava em plenas condições de voo e que todos os sistemas requeridos para a decolagem estavam funcionando corretamente no momento do embarque. A empresa ressaltou que está colaborando com as investigações para garantir que a conclusão dos trabalhos seja rápida e precisa.

A Voepass também afirmou que está oferecendo suporte às famílias das vítimas, providenciando transporte, hospedagem e apoio psicológico aos familiares. Segundo a empresa, a equipe de atendimento às famílias foi mobilizada logo após a tragédia, com o objetivo de garantir o acolhimento e prestar o máximo de auxílio possível.

Expectativas para o Relatório Final

O relatório divulgado pelo Cenipa tem caráter preliminar, e o documento definitivo, que apresentará uma análise mais profunda das causas do acidente, ainda não tem data para ser concluído. O relatório final é aguardado com grande expectativa pelas famílias das vítimas e por autoridades da aviação civil.

A queda do ATR-72 da Voepass é uma das maiores tragédias aéreas do Brasil nos últimos anos, e o resultado das investigações será crucial para determinar se houve falhas sistêmicas que possam prevenir futuros acidentes semelhantes. Tanto o Cenipa quanto a Polícia Federal estão empenhados em garantir que todos os detalhes sejam minuciosamente analisados antes da divulgação do relatório final.

Os próximos passos da investigação incluem novas análises dos destroços, das caixas-pretas e a realização de testes laboratoriais nos componentes da aeronave. Somente após essas etapas será possível apontar com clareza as causas da tragédia e propor medidas de segurança para evitar que acidentes desse tipo voltem a ocorrer.

Enquanto isso, as famílias das vítimas aguardam respostas sobre o que pode ter levado à morte de seus entes queridos, e a Voepass continua oferecendo suporte e colaborando com as autoridades para que as investigações sigam de maneira rápida e eficiente.

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