A mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral que tem chamado a atenção de autoridades de saúde em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou recentemente que o cenário da mpox no continente africano constitui uma emergência de saúde pública de importância internacional, devido ao risco de disseminação global e o potencial de se tornar uma nova pandemia. Esse é o mais alto nível de alerta da entidade, destacando a gravidade da situação.
De acordo com a OMS, surtos da doença vêm sendo reportados na República Democrática do Congo há mais de uma década, e as infecções têm aumentado de forma contínua. Somente em 2024, os casos de mpox já superam o total registrado ao longo de todo o ano de 2023, com mais de 14 mil pessoas infectadas e 524 mortes confirmadas. Essa situação agrava ainda mais a preocupação com a possibilidade de um novo surto global.
Entre 2022 e 2023, a mpox já havia sido classificada como emergência global, após o vírus se espalhar por vários países. O pico de infecções foi registrado em agosto de 2022, seguido de uma redução gradual até abril de 2023. Apesar disso, a OMS continua a alertar para os desafios que a doença impõe à saúde pública, especialmente devido à sua alta capacidade de transmissão.
Com a recente reclassificação da mpox como emergência global, muitas dúvidas surgem sobre os sintomas, a forma de transmissão, tratamentos e prevenção da doença. Neste artigo, vamos esclarecer as principais questões relacionadas à mpox, de acordo com informações da OMS e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O que é a mpox?
A mpox é uma doença causada pelo vírus Monkeypox, que pode ser transmitido entre pessoas e, em alguns casos, do ambiente para os humanos. O contágio pode ocorrer por meio de objetos e superfícies tocadas por um paciente infectado, ou através de contato direto com animais selvagens portadores do vírus em regiões onde ele circula. Isso pode ocorrer, por exemplo, ao manusear carne de animais infectados ou durante a caça.
Quais são os sintomas da mpox?
Os sintomas da mpox podem variar de leves a graves. O sintoma mais comum é uma erupção cutânea, semelhante a bolhas ou feridas, que pode durar de duas a quatro semanas. Essa erupção pode aparecer em várias partes do corpo, como rosto, mãos, pés, genitais, ânus e até nos olhos.
Outros sintomas incluem:
- Febre
- Dor de cabeça
- Dores musculares
- Dores nas costas
- Fadiga
- Inchaço dos gânglios linfáticos
As lesões na pele podem causar desconforto e dor, especialmente em áreas sensíveis como boca, garganta, vagina ou ânus. Em alguns casos, pode ocorrer inflamação no reto, dificultando a evacuação e causando dor intensa.
Como ocorre a transmissão da mpox?
A transmissão da mpox ocorre principalmente pelo contato próximo com uma pessoa infectada. Isso inclui contato direto com as lesões de pele, secreções respiratórias (gotículas ou aerossóis de curto alcance), e contato sexual (vaginal, anal ou oral). Durante o surto global de 2022/2023, a doença se espalhou principalmente por meio de contato sexual.
O vírus também pode ser transmitido ao tocar objetos contaminados por um infectado, como roupas de cama, toalhas e superfícies, especialmente se houver ferimentos ou cortes na pele. Outra via de transmissão é de mãe para filho, durante a gravidez ou no parto, através do contato pele a pele.
Não está totalmente claro se pessoas assintomáticas podem propagar o vírus.
Quem pode contrair a mpox?
Qualquer pessoa que tenha contato próximo com um indivíduo infectado ou um animal portador do vírus pode contrair a mpox. Pessoas vacinadas contra a varíola humana têm alguma proteção, mas é improvável que indivíduos mais jovens tenham recebido essa vacina, já que a vacinação em massa contra a varíola foi interrompida em 1980, após a erradicação da doença.
Grupos de risco incluem recém-nascidos, crianças, pessoas imunossuprimidas e profissionais de saúde, que têm maior exposição ao vírus. Pessoas com múltiplos parceiros sexuais também correm maior risco.
A mpox pode matar?
Embora a maioria dos casos de mpox apresente sintomas leves que desaparecem sozinhos em poucas semanas, a doença pode causar complicações graves e até morte, especialmente em recém-nascidos, crianças e pessoas com sistema imunológico debilitado.
As complicações graves incluem:
- Infecções bacterianas secundárias
- Lesões graves na pele, boca, olhos e órgãos genitais
- Infecções sanguíneas e pulmonares
- Encefalite
- Miocardite
- Pneumonia
As taxas de mortalidade variam entre 0,1% e 10%, dependendo do acesso a cuidados médicos e da condição imunológica dos pacientes.
Como reduzir o risco de contrair mpox?
Algumas medidas de prevenção são essenciais para reduzir o risco de infecção pela mpox:
- Evite contato próximo com pessoas infectadas ou suspeitas de infecção.
- Use máscara ao se aproximar de alguém com sintomas, especialmente se houver lesões na boca ou tosse.
- Lave as mãos com frequência e use álcool em gel.
- Use luvas descartáveis ao tocar em vestimentas ou objetos de pessoas infectadas.
- Roupas de cama e objetos contaminados devem ser lavados com água morna e detergente.
- Evite contato com animais selvagens em áreas endêmicas.
Existe tratamento para mpox?
Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem sem necessidade de tratamento específico. Entretanto, para casos graves, pode-se utilizar a imunoglobulina vaccinia (VIG) e o antiviral tecovirimat (TPOXX), que reduz a gravidade dos sintomas e acelera a recuperação.
O acompanhamento médico é importante para monitorar as lesões cutâneas e prevenir complicações.
Existe vacina contra a mpox?
Sim, existem vacinas aprovadas para a prevenção da mpox, como as vacinas MVA-BN, LC16 e OrthopoxVac. A vacinação em massa não é recomendada, e apenas indivíduos de alto risco, como aqueles que tiveram contato próximo com pessoas infectadas, devem ser vacinados.
O Brasil está negociando a aquisição de 25 mil doses da vacina para atender emergencialmente as áreas afetadas.
Crianças e adolescentes podem contrair a mpox?
Sim, crianças e adolescentes podem contrair a mpox ao terem contato próximo com uma pessoa infectada. O vírus pode ser transmitido em casa, por meio de pais, cuidadores ou outros familiares.
Crianças tendem a apresentar sintomas mais graves que adultos e, por isso, precisam de monitoramento constante. Se houver suspeita de mpox em crianças, é importante procurar orientação médica imediatamente.
Quais os riscos da mpox durante a gravidez?
A infecção por mpox durante a gravidez pode levar à perda gestacional e complicações graves para a mãe. O vírus pode ser transmitido ao feto ou ao recém-nascido durante o parto ou através do contato físico precoce.
Gestantes que suspeitam estar infectadas devem buscar orientação médica imediata, e mulheres que estão amamentando devem consultar um médico para avaliar os riscos de transmissão.